"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 17 de julho de 2011

Singles Bar #66








THE CHURCH
Under The Milky Way
[Mushroom, 1988]






Não se pode propriamente afirmar que o reconhecimento em massa tenha um relacionamento próximo com a pop australiana de oitentas. Se exceptuarmos o caso dos dos INXS, e mesmo estes com sucesso internacional tardio, e algumas inconsequências juvenis, não me ocorrem outros nomes do país dos cangurus que, nesse período, tenham estado debaixo dos holofotes da fama. No extremo oposto, peguemos, por exemplo, nos casos de The Go-Betweens e The Triffids, duas bandas para as quais os favores da crítica e o culto fervoroso de alguns seguidores não se traduziu em números de vendas.

Idêntica experiência à da dupla citada viveram os The Church, banda ainda no activo ao fim de trinta anos, e admirável caso de coerência numa discografia que compreende cerca de uma vintena de álbuns. Contudo, no caso deste quarteto de Sydney, houve um raro momento (irrepetível) em que as rádios generalistas, tanto da Europa como da América do Norte, deram o merecido destaque à sua pop de contornos épicos. Tudo graças a "Under The Milky Way", uma daquelas canções que justificam a existência de adjectivos como "intemporal". Os motivos para tal serão, porventura, o rigor da melodia traçada pela guitarra de doze cordas, e a sobriedade da voz de Steve Kilbey, num registo crooner capaz de ombrear com o de um Neil Diamond. Alegadamente, a inspiração para a letra partiu do Melkweg ("via láctea" em holandês), complexo pluri-artístico situado em Amsterdão habitualmente frequentado pelo vocalista dos The Church. Mas o que o ouvinte retém, alheado dessa referência, é a veia de um romantismo sonhador, também muitas vezes detectada nas sublimes canções dos mencionados The Go-Betweens.

2 comentários:

Gravilha disse...

muito bom, na altura eu fazia um programa numa rádio pirata e recordo-me de rodar, sem parar, o starfish, que é um dos melhores momentos dos church.

M.A. disse...

É sim senhor! E o "Priest=Aura" também. Ainda este fds estive a ouvir ambos. Daí este post.

Abraço.