Os WU LYF (pronuncia-se Woo Life e por extenso deve ler-se World Unite! Lucifer Youth Foundation) são um colectivo de Manchester que faz da independência e do mistério modos de vida. Por enquanto, não dão entrevistas, resistem aos acenos das editoras instituídas, e consta que já tenham rejeitado um convite (não se sabe bem para quê) do realizador Michel Gondry. Como uma espécie de comuna de activistas de uma qualquer causa obscura, preferem concentrar energias na produção e divulgação de uma música sobejamente atípica pelos canais menos convencionais.
Por contradição, esta postura de rebeldes, faz dos WU LYF um projecto sobre o qual se concentram muitas atenções. Imune à pressão, a banda acaba de editar Go Tell Fire To The Mountain, o primeiro álbum que é um autêntico exercício de catarse, um ovni no deserto de ideias da música actual. Órgãos de tubos, guitarras tortuosas, coros ora tribais, ora diáfanos, uma voz de laringe arranhada, e letras de um surrealismo indecifrável, são as matérias primas deste disco que se recusa a encaixar em qualquer tipo de rótulo. Recupera dinâmicas de algum post-rock, até de algum post-hardcore, mas não se detêm em qualquer colagem óbvia. Numa primeira aproximação, vêm à cabeça os norte-americanos Cymbals Eat Guitars, mas esse ideia cedo se desvanece, à medida que se abate a atmosfera pesada e malsã que domina Go Tell Fire To The Mountain. Na amostra infra, apraz-me registar o perfeito emparelhamento de música e imagem. Como poderão verificar, o corte dos WU LYF com o longo historial da cidade que lhes dá guarida é radical.
"Dirt" [LYF, 2011]
1 comentário:
ainda não ouvi com a devida atenção, mas a voz é um bocado para o laxante, o que torna a coisa difícil :)
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