"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Kelly Family
















Começo a acreditar num artigo em que tropecei aqui há atrasado, que dava conta de um eclodir de bandas femininas com proveniência na América Latina. Já aqui vos tinha dado conta das costa-riquenhas Las Robertas, e hoje gostava de vos falar de Las Kellies, geradas uns milhares de quilómetros mais a sul, na Argentina, e que com elas têm partilhado palcos por essa Europa. Se as primeiras alinham pela tendência vigente na América de Norte de recuperação do noise-pop descendente da britânica C86, estas últimas vão buscar as referência ligeiramente mais atrás. No genoma, Las Kellies ostentam as características da militância feminina (e feminista) de bandas ligadas ao post-punk como ESG, The Raincoats, The Slits, ou Delta 5.

Depois de um par de lançamentos para consumo interno, e que serviram essencialmente para aprimorar a receita, e da redução de quarteto a trio, Las Kellies chegaram aos ouvidos do influente Everett True, que não lhes poupou encómios. Daí à assinatura com a prestigiada Fire Records foi um passo. É essa editora que acaba de lançar o terceiro álbum (homónimo), o primeiro com distribuição internacional. A audição de Kellies não tenta disfarçar as influências, ao ponto de incluir uma versão de "Erase You", original das citadas ESG. Porém, a irreverência  e o ritmo insinuante soam de tal forma sinceros que, na comparação com a maioria dos sub-produtos actuais dedicados à ruminância do passado, as três muchachas saem a ganhar por larga margem. Para tal, muito terá contribuído o trabalho de um produtor com currículo nestes meandros - Dennis Bovell, o caribenho com raízes no reggae co-responsável pelo primitivismo terceiro-mundista que encontramos em discos de gente como Orange Juice, The Pop Group, ou The Slits. Ao longo do disco, não se surpreendam ao ser confrontados com a alternância de línguas, do inglês ao castelhano, do francês ao português (do Brasil, claro!).

"Perro Rompebolas" [Fire, 2011]

1 comentário:

Gravilha disse...

sim, estas meninas pintam a manta toda! e o single nem é o melhor exemplo para se perceber o que é album. abraço,