"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Um submarino multicolor

















Não tivesse sido a inclusão daquela soberba versão num filme simpático de meados de noventas e, provavelmente, os Urge Overkill não passariam de nota de rodapé, mesmo na memória dos melómanos mais esclarecidos. O que seria uma tremenda injustiça, pois foram uma verdadeira lufada de ar fresco, precisamente na altura que a MTV impunha a pose estudada de alguns maltrapilhos de camisa de flanela e jeans rasgados. No capítulo da indumentária, contrapunham com roupas de cores garridas, uniformes kitsch, e até fatos de corte retro dignos de quem bebe cocktails em bares do Caribe. Em termos musicais, na mesma altura, e não obstante os resquícios punky herdados dos primórdios, ofereciam uma fórmula rock básica insuflada de um espírito festivo que celebra os excessos de setentas. Excepção aberta para Exit The Dragon (1995), disco soturno que documenta a incompreensão das políticas das editoras multinacionais, bem como uma fase marcada por consumos pouco recomendáveis. Uma e outra coisa, e a tensão inerente de ambas, ditaria um fim prematuro da banda de Chicago nos idos de 1997.

Discretamente, e cientes de que a sua missão não estava terminada, os Urge Overkill regressaram ao activo há coisa de meia dúzia de anos. Agora alargados a quarteto, e deixando de fora o baterista Blackie Onassis, o tal a quem, na opinião do mentor e guitarrista Nash Kato, são atribuídas algumas responsabilidades pelas fricções do passado. Também de mansinho, chegou recentemente Rock & Roll Submarine, o auto-editado primeiro fruto da reunião. Trata-se de um álbum de rock descarnado, directo, e sem pruridos que em nada desonra as credenciais dos seus autores. Não é particularmente inventivo, mas em tempos que se louvam azeiterices do tipo Reis de Leão, a fórmula sem maneirismos dos Urge Overkill resulta até como um bálsamo. Como já não vão para novos, duvido é que sejam merecedores de grandes parangonas. É que esta é uma era reservada a neófitos, em que cada um vislumbra semanalmente o Santo Graal musical ao virar da esquina...

"Effigy" (live @ Bottom Lounge, Chicago) [UO, 2011]

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