"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Good cover versions #56

(Pedimos desculpas pela insistência nas mesmas caras. As edições regulares do April Skies seguem dentro de momentos.)











DUM DUM GIRLS _ "Baby Don't Go" [Sub Pop, 2010]
[Original: Sonny & Cher (1964)]



Um pouco à semelhança de Tina Turner, Cher viveu os seus maiores momentos musicais enquanto vivia as agruras de um casamento pouco saudável. A APAV que me perdoe mas, em qualquer dos casos, e após a separação das respectivas caras-metade, é doloroso para qualquer apreciador da boa música assistir à degradação, até ao cúmulo do ridículo, de dois dos mais fulgurosos ícones femininos da música dos sixties.

Por ora, as atenções vão para Cherilyn Sarkisian - nome de baptismo -, que enquanto casada com Sonny Bono, teve um marido que, além de lhe escrever canções de boa lavra, ainda a levou à companhia de gente como Phil Spector, produtor que usou a sua voz para adornar os coros de alguns dos seus inúmeros hits. Nesses tempos distantes, o casal era figura de proa nas tabelas de vendas com temas assentes numa raiz folk. Normalmente, todo o protagonismo era dela, chamada à linha da frente, com ele, discreto, lá atrás a introduzir uns corozitos e a dirigir toda a parte instrumental. Dá-se o caso de "Baby Don't Go", um tema que, apesar da matriz da mais rudimentar country, tem um sentir pop que envergonha muita da produção actual que enverga tal rótulo. 

Bem diferente do original, a versão das Dum Dum Girls resulta no tema perfeito para o encerramento do álbum I Will Be, depois do desfile de uns quantos temas de uma pop doce mas ruidosa. Resumido essencialmente a uma guitarra e um sintetizador planante, cria um ambiente brumoso no qual umas notas sinistras de guitarra eléctrica espreitam timidamente. Por várias vezes, a voz de menina-moça de Dee Dee fica suspensa, dando um ar de fragilidade que contrasta com habitual postura confiante. Contudo, e pela ligação ao original presente na letra inalterada, não deixa de ser uma canção de amour fou como as que a antecedem no alinhamento daquele disco.

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