Dirty Beaches @ Galeria Zé dos Bois, 21/07/2011
Tal como no caso de Alan Vega, dos Suicide, Alex Zhang Hungtai, o rapaz que adoptou a denominação Dirty Beaches, tem uma obsessão com o ícone do Elvis decadente. Mas, se o primeiro tem uma abordagem visceral e de confronto, o nativo de Taiwan migrado na Califórnia, via Vancouver, opera com algum recolhimento, numa espécie de tela sépia que remete para a beleza extraída das sombras nas películas de David Lynch.
As diferenças acima referidas, evidentes em disco, esbatem-se em palco. Neste habitat, Alex, sozinho com guitarra eléctrica e "máquinas", solta-se e entremeia o balbuciar melancólico com urros catárticos. A adopção deste cenário minimalista, combinado com os ecos e o baixo volume do som granuloso, revela-se o ideal para uma música de tons esbatidos, percorrida por um certo sentimento de nostalgia. O público, em número invulgarmente alto para uma quinta-feira, sabe ao que vai, e sintoniza-se desde o primeiro instante.
Com tal clima de empatia mútua, o concerto não se poderia ficar pelos cerca de 40 minutos, e Alex percebe-o, adiando até ao limite a saída de palco. Primeiro com uma versão dos DNA, tocada com igual teor cacofónico ao das lendas da no-wave. Seria o fim perfeito, não fosse o músico ceder aos caprichos da turba e tocar mais dois ou três temas que soaram mal preparados. Mais do que empobrecer o resultado do todo, este final serviu, essencialmente, como momento de comunhão que satisfez ambas as partes.
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