Os The War on Drugs não são daquelas bandas fáceis de colar a um único rótulo. Produto da mente de Adam Granduciel, tanto são capazes de pintar a desolação das paisagens áridas como, logo a seguir, atacar com as imponentes cavalgadas dignas de um Springsteen. Às referências, inevitavelmente presentes na colecção de discos do mentor da banda, podem ainda adicionar-se coisas tão díspares como os Sonic Youth, os Neu!, os My Bloody Valentine, os impulsos eléctricos de Bob Dylan, ou até os Spacemen 3. Chegaram de mansinho há cerca de três anos com Wagonwheel Blues, um disco aqui listado na base da listagem dos melhores do ano mas que, progressivamente, tem subido a olhos vistos na cotação deste escriba.
Na altura desse primeiro álbum, um dos integrantes da banda era Kurt Vile, prodígio da guitarra e da composição a quem se augura igual destino que aos próprios The War on Drugs: a inevitável subida de nível na escala mediática musical a breve trecho. Talvez derivado do abandono deste wonder kid, o EP do ano passado (Future Weather) era mais contido na pirotecnia, apostando antes na elaboração de texturas mais complexas. Terá sido esse o tubo de ensaio Slave Ambient, o segundo álbum que sai em meados do próximo mês e que inclui regravações de duas canções do anterior registo. Para já, é conhecido também um par de temas do alinhamento. Um deles é uma estranha progressão que combina raízes americana com uma pulsão rítmica absolutamente motorik. O outro, que podem escutar (e vejam, sff!) mais abaixo, também não deixa de lado o travo teutónico. Contudo, mais de acordo com aquilo que conhecíamos do primeiro álbum, invoca simultaneamente o Boss e Dylan num daqueles números em que o coração fica muito próximo da garganta. Um dia, quando os Arcade Fire resistiram aos ímpetos de grandiosidade barroca talvez possam soar assim:
"Baby Missiles" [Secretly Canadian, 2011]
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