"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ao terceiro horror, o Céu?















Há gente que não pára, trabalha que se farta. Deve ser o caso de Faris Badwan que, ainda mal deixou assentar a poeira sobre o disco do projecto Cat's Eyes, e já tem pronto o novo álbum da banda que lhe toma a maior parte do tempo. Falo, obviamente, de The Horrors, que dentro de exctamente uma semana lançam Skying, o terceiro longa-duração que desenvolve algumas das pistas caleidoscópico Primary Colours (2009). O mesmo é dizer que quinteto se afasta ainda mais das raízes garage-punk, com laivos góticos, do já "longínquo" debutante Strange House (2007). 

Após um par de audições a acompanhar algumas tarefas domésticas, numa análise ainda bastante precoce, sou levado a dar o aval a Skying, digno sucessor do disco que catapultou a banda para a primeira divisão da música britânica. E até que não começa muito convincente, o disco, com a dupla inicial de temas, dominados pelos teclados, a situar-se algures entre o Bowie da pior safra e esse híbrido de génese oitentista que faz as delícias de gente facilmente impressionável. Nestes, o único trunfo acaba por ser a voz do próprio Faris, agora menos imponente, mas mais segura das suas capacidades. A partir do terceiro tema, inclusive, e excluindo o menor (mas longo) "Moving Further Away", Skying entra realmente nos eixos e revela uma banda consciente das suas possibilidades e dos seus objectivos. A dinâmica dos sintetizadores com as guitarras encontra um ponto de equilíbrio, com os primeiros a pintar planícies inóspitas, e os segundos a realçar a tensão (desculpem-me, mas falar de shoegaze, tal como já aconteceu com disco prévio, é um disparate tão pegado como pensar que uns tais Fleet Foxes inventaram a roda). Pressentem-se ecos de kraut, bem mais diluídos que no antecessor, e estilhaços da facção letrada do rock de oitentas, representada por bandas como The Psychedelic Furs e Echo & The Bunnymen, mas tudo perfeitamente assimilado de forma a evitar colagens óbvias. Relativamente às afinidades com estes últimos, oiça-se o contemplativo e derradeiro "Oceans Burning", ao qual nem sequer faltam as referências marítimas. Aproveitem e oiçam também todos os outros e tirem as vossas conclusões:

The Horrors _ Skying [XL, 2011]

3 comentários:

eduardo disse...

vou ouvir e tirar as minhas conclusões mas cheira-me que não vou encaixar. Confesso que gostava que eles mantivessem a sonoridade do 1º registo, mas são gostos...

Gravilha disse...

acho difícil igualarem algum dos dois primeiros, cada qual no seu género, mas ambos extraordinários. numa primeira análise concordo com o kraut diluído, mas mais que echo ou p.furs há aqui suede; monica gems é o exemplo mais evidente. vamos ver o que traz a digestão. abraço,

M.A. disse...

De facto, há bastante dos Suede nesse tema que, incrivelmente, me escapou à primeira. Quando falo em Bunnymen e Furs é mais na atmosfera do que propriamente na sonoridade.

Abraços.