"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ao vivo #62














Best Coast + Iconoclasts @ Lux Frágil, 19/04/2011

Desde a primeira vez que me cruzei com ela, há perto de um ano, muito mudou na vida de Bethany Cosentino e dos seus Best Coast. A diferença mais notória é, desde logo, o alargamento da banda a um trio permanente. A mais significativa foi a saída de um primeiro álbum recheado de pequenos rebuçados indie-pop que fez dos Best Coast um caso raro de aceitação massificada dentro desta tendência, e da sua mentora a líder mediática da brigada de carinhas larocas do novo derivado lo-fi norte-americano.

Com as catacumbas do Lux apinhadas, pareciam estar reunidas as condições para a consagração definitiva deste pequeno "fenómeno". Mas eis que, desde o primeiro instante, a coisa dá para o torto: a qualidade do som que sai das colunas está muito para além do sofrível, e a responsabilidade exclusiva é do batalhão de "técnicos" inaptos que se acotovelam atrás da mesa. Lá para o terceiro tema, depois de grande azáfama, quais baratas-tontas, e talvez por obra do acaso, a coisa assume condições minimamente aceitáveis (isto se descontarmos o irritante feedback que se assoma sem qualquer nexo casual). Quando tudo parecia entrar nos eixos, torna-se por demais evidente a má forma "física" da voz de Bethany, que apenas consegue atinar ligeiramente nas partes mais agitadas de cada canção. Nos temas novos, não sei se por desconhecimento da minha parte, se por diferente orientação melódica, a moça lá consegue, a esforço, dar conta do recado. 

Quero acreditar que a causa do desastre possa ter sido a saturação dos temas mais rodados, ou até a ingestão de líquidos alcoólicos em quantidades excessivas da qual fomos avisados. Porém, qualquer que seja o motivo, perdeu-se uma oportunidade, talvez única, de convencer os cépticos que por aí pululam. Mas vejamos a coisa pelo lado positivo: até houve simpatia, até houve vários pedidos de desculpas, e o final de concerto até foi relativamente animada. E não foi de alívio, acreditem-me.

À hora da minha descida aos substerrâneos, já o palco era ocupado por uns tais de Iconoclasts (lisboetas, tira-se logo pela pinta). Ao cabo de um par de temas, já tinha assistido ao desfile, numa cadência algo trapalhona, de uma boa mão cheia das tendências dominantes da última década: guitarrinhas nervosas e afiadas, sintetizadores ora dissonantes ora planantes, batidas trepidantes, combinação de vozes feminino/masculino em modo histriónico, alguma marotice disfarçada de ingenuidade... Isto, traduzido em nomes, é como no palco se atropelassem Arcade Fire, Love is All, Yeah Yeah Yeahs, Liars, Los Campesinos! e, por fim, num desvario percutivo despropositado, a banda tributo aos reinventados These New Puritans... Há por ali atitude poseur não desprezável e até um corte de cabelo desenhado a régua e esquadro, faltam sentido de orientação e contenção...

1 comentário:

hg disse...

Um não-evento. Tão aborrecido, na minha opinião, que nem para o encore fiquei. A quantidade de bilhetes vendida ou oferecida para aquele local também não ajudou nada. E como ninguém gosta de ficar a ver pilares, o pessoal lá tem que se "aconchegar" nos espaços vazios que não existem. Palavra de Fernando Nobre [neste momento acredito em absoluto naquilo que afirmo] que Lux nunca mais.
p.s: estou velho!