"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Singles Bar #60








GANG OF FOUR
Damaged Goods
[Fast Product, 1978]




Limado nas arestas e investido de um contagiante impulso rítmico na versão "final" surgida no colossal álbum Entertainment! (1979), "Damaged Goods" é desde logo, na sua primeira versão "rude", matriz para a sonoridade deveras inspirada dos Gang of Four, a mesma que seria copiada ad infinitum em período post-punk e abusada ad nauseum no decorrer da década passada. Passe a redundância, os seus escassos 3'32'' de duração serviram de base ao Portugal musical da alvorada de oitentas (confiram a seguir ao texto, sff).

A fórmula, na altura inaudita, é simples: secção rítmica cadenciada a transpirar funk, na qual se destaca o baixo quase palpável de Dave Allen, e a guitarra de Andy Gill a soltar faíscas de metal incandescente que conferem à coisa uma significativa contundência. A coroar a aura de austeridade, o vocalista Jon King contribui com algumas das letras mais astutas da época, recheadas de analogias entre as relações amorosas e as regras económicas da sociedade de consumo. Interventivas tanto no campo sociológico, como no político, portanto. Ou seja, observações pertinentes das doenças sociais sob um ponto de vista que mistura doutrinas maoista e situacionista.

Os dois temas que preenchem o lado B regem-se por idênticas premissas. Em "Love Like Anthrax", ainda mais distante da versão definitiva do álbum, a guitarra experimenta assomos de feedback controlado sobre uma batida minimalista. Já em "Armalite Rifle", a bateria marcial do começo abre espaço para uma sucessão de riifs marcantes que denunciam as sementes punk da bando dos quatro de Leeds.


"Damaged Goods"


"Love Like Anthrax"

7 comentários:

eduardo disse...

um hino que marcou definitivamente a história da música.

lisa carol fremont disse...

um dos discos que deverá permanecer imortal! apesar de não serem das bandas mais referidas quando se fala dessa época, para mim é das mais importantes.

O Puto disse...

Nunca foram tão falados como no início do novo século. Ainda bem que se lhes reconheceu o mérito.

M.A. disse...

Puto:

Mesmo assim, acho que não foram nem serão tão reconhecidos como merecem (o mesmo digo para os PiL da época, para os Magazine e mais uns quantos).
E digo isto ainda a propósito de algo que penso já aqui ter falado, e que tem a ver com alguns comentários pouco agradáveis que ouvi durante o concerto deles em PdC, para mais vindos de gente mortinha para ver os Bloc Party...
Tenho de te confessar que uma das coisas que me entristece hoje em dia é a maioria das pessoas seguirem as modas musicais cegamente, sem qualquer curiosidade acerca do que está para trás. Até porque, convenhamos, o passado é bem mais interessante que o presente e hoje está mais disponível à descoberta do que nunca. Pela parte que me toca, desconfio que, se não fosse esta curiosidade insaciável pelos "arquivos", já não teria a paixão que tenho pela música.

Abraços.

Gravilha disse...

OS PIL FORAM UMA DAS MELHORES BANDAS DE SEMPRE! :) não te entristeças com isso, há coisas piores!

M.A. disse...

Claro que há! :) Mas musicalmente falado, esta coisa entristece-me, pá!
De acordo em relação aos PiL, mas só os da Santíssima Trindade Lydon-Lavene-Wobble: das melhores e das mais revolucionárias!

Gravilha disse...

sim, os fabulosos PIL dos 2 primeiros albuns, se bem que enquanto o keith lavene lá esteve a coisa foi-se aguentando. Já agora o KL pode ser encontrado aqui: http://www.murderglobal.com/