Foto: Pavla Kopecna
Quando se revelaram com mais intensidade, há coisa de dois anos, houve quem não hesitasse em catalogá-los como nu-gazers. Puro erro, em meu entender, pois a estreia homónima, apesar das tais guitarras distorcidas, vinha recheada de referências a muitas das bandas associadas à C86, alguns anos, não muitos, anterior à "cena que se celebrava a si própria". O próprio nome The Pains of Being Pure at Heart é do mais twee que há. Tão twee que poderia ter sido o nome de uma canção dos Talulah Gosh ou dos Another Sunny Day.
Entre discussões de catalogação, o que é certo é que os Pains conquistaram um estatuto de nível apenas sonhado pelos seus "heróis". O par de singles do ano passado, denotava já uma inflexão em favor de uma pop mais límpida, eventualmente a piscar o olho a públicos mais vastos. O último deles, Heart In Your Heartbreak, era já resultado do trabalho com o produtor Flood e com o misturador Alan Moulder, dupla responsável por muito disco platinada e também pelo segundo da banda nova-iorquina - Belong, com edição escalonada para finais de Março próximo. Se o citado single ainda vinha impregnado da marca Pains, o tema-título do álbum coloca a hipótese de uma "perda da inocência", rumo a sonoridades mais grandiosas e ambiciosas, mas não necessariamente mais estimulantes. Na prática, "Belong" representa um avanço cronológico nas fontes, mais precisamente até inícios de noventas. A voz de Kip Berman retém alguma da pureza primordial, mas aqueles riffs monstruosos trazem à memória o início do percurso rumo ao estrelato dos Smashing Pumpkins (Flood e Moulder, lá está!). O que o resto do disco nos reserva é ainda uma incógnita, mas esta amostra ainda em digestão, à falta de melhor adjectivo, soa-me algo descaracterizada.
"Belong" [Slumberland, 2011]
2 comentários:
Uma das minhas embirrações. Não são muitas, mas tenho algumas. Todos temos, não?
Já tinha percebido;) E até compreendo, de certa forma, o porquê. Eu também tenho algumas. Muitas, até!
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