"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Selo de Qualidade #1


Nova rubrica, há muito pensada mas só agora concretizada. Com esta iniciativa pretende-se prestar tributo às editoras que desbravaram caminho, sendo habitualmente garante de qualidade para os seu público alvo. Isto no tempo em que "independência" era algo mais do que uma palavra para se usar a despropósito.











HOMESTEAD RECORDS
Long Island, Nova Iorque [US], 1983-1996

Fundada por Barry Tenenbaum ainda em pleno período de vigência pós-punk e pós-hardcore, a Homestead Records foi, inicialmente e naturalmente, poiso de alguns exemplares do rock mais abrasivo que à época se produzia nos Estados Unidos. O propósito do fundador era mesmo o de garantir alguma visibilidade a pequenas bandas, com algumas dificuldades de distribuição, bem como o licenciamento de artistas europeus em solo norte-americano. Nesta demanda contou, com a colaboração do manager Sam Berger, já com experiência ao leme da distribuidora Dutch East India Trading e com contactos no meio com vista às primeiras contratações. Entre esses neófitos contavam-se os Big Black, banda seminal nos espectro noise-rock que serviu de cartão de visita ao incontornável Steve Albini. Berger abandonaria o barco pouco depois, não sem antes sugerir a sua substituição por Gerard Cosloy, um puto de 18 anos que viria a desempenhar um papel fundamental na afirmação da Homestead como a casa por excelência do indie-rock nos E.U.A..

Ao fim de pouco tempo em funções, Cosloy, que mais tarde integraria a equipa da Matador Records com os resultados que se conhecem, assegurou o concurso dos Swans e dos Sonic Youth, bandas locais que viriam a ser determinantes nos caminhos seguidos no rock do último quarto de século. Em simultâneo, assegurou a distribuição na costa leste de bandas do outro extremo dos states, como os ainda imberbes Screaming Trees, Beat Happening ou Giant Sand. Nick Cave & The Bad Seeds, Einstürzende Neubauten, e algumas das bandas ligadas à neozelandesa Flying Nun teriam as primeiras edições americanas pela mão de Cosloy.

Porém, o auge da Homestead estava ainda iminente. Primeiro, com as contratações de Dinosaur Jr., Squirrel Bait (banda que esteve na origem dos Slint), e Volcano Suns (originários dos Mission of Burma), depois com Big Dipper, Live Skull (de Thalia Zadek), e My Dad is Dead. Embora hoje mergulhado numa certa obscuridade, este último lote foi, à época, determinante na afirmação do estatuto da editora. Daqui em diante, seria o declínio, muito por culpa da gestão danosa do controverso Tenenbaum, acusado de mau pagador por muitos dos artistas com quem se cruzou. 

Por motivos de gerência, a Homestead não soube aproveitar as oportunidades criadas pelo fenómeno Nevermind, pelo qual foi, de certa forma percursor. Para além do reconhecimento dos Sebadoh, última banda relevante no catálogo foram os Seam, caso de culto restrito mas consolidado em inícios da década de 1990. A falência em definitivo ocorreria em 1996. Porém, consta que os credores nunca conseguiram deitar mão à imensidão de discos ainda em armazém. Consta também que, ainda recentemente, esses mesmos discos estariam a ser comercializados por um vendedor misterioso na internet. As suspeitas apontam, obviamente, para que esse personagem seja o próprio Barry Tenenbaum, o trapaceiro que enganou meio mundo mas permitiu ao outro meio usufruir de  alguma da música mais entusiasmante dos últimos 25 anos.


10 DISCOS ESSENCIAIS

  • BIG BLACK _ Racer X EP (1984)
  • SONIC YOUTH _ Bad Moon Rising (1985)
  • VOLCANO SUNS _ The Bright Orange Years (1985)
  • DINOSAUR JR. _ Dinosaur (1985)
  • BIG BLACK _ Atomizer (1986)
  • SQUIRREL BAIT _ Skag Heaven (1987)
  • BIG DIPPER _ Heavens (1987)
  • LIVE SKULL _ Dusted (1987)
  • SEABADOH _ Gimme Indie Rock EP (1991)
  • SEAM _ Headsparks (1992)

3 comentários:

eduardo disse...

bela iniciativa. Estou certo que irás destacar muitas editoras de devoção comum.

O Puto disse...

Fico a aguardar os próximos capítulos.

Shumway disse...

Editora essencial para comprender o "rock alternativo" oriundo dos USA.
Tenho tentado arranjar nos "leilões" os discos que me faltam deles.
Ainda no mês passado arranjei um single dos Naked Raygun.

Abraço