"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Noites em branco













Embora apenas reconhecido pelas massas como o autor de determinado número bowiesco, Edwyn Collins é daqueles personagens a merecer o nome gravado a letras douradas no Livro da Pop. Não da pop vazia que nos é impingida pelos media generalistas, mas sim aquela das canções capazes de mudar vidas, tal como a dos grandes mestres de sessentas. Esse estatuto conquistou-o desde os criminalmente negligenciados Orange Juice, a banda que, desde os alvores dos eighties, contaminou quase toda a produção musical  subsequente em terras da Escócia. Que o digam os celebrados Franz Ferdinand, admiradores que têm tentado (ingloriamente) espalhar o nome de Collins & C.ª aos quatro ventos.
Há cinco anos quase o perdíamos, depois de dois AVCs que deixaram sequelas profundas. A recuperação, documentada no livro Falling And Laughing, da autoria da companheira e agente Grace Maxwell, foi lenta mas milagrosa. Em 2007, um ainda debilitado Collins dava os últimos retoques em Home Again, álbum quase concluído aquando do incidente. Agora, apresta-se para editar o primeiro disco totalmente concebido e gravado após aquela data. Chama-se Losing Sleep e chega às lojas dentro de precisamente uma semana. Algumas resenhas avulsas dão conta de um dos seus trabalhos mais sólidos, com a habitual dose moderada de melancolia, mas imerso num profundo sentido de esperança. Diz-se também que é uma daquelas obras demonstrativas do que é saber envelhecer tirando partido de cada etapa da vida, curiosamente, tal qual este vosso escriba referiu aqui sobre o último de certos compinchas também escoceses. Fala-se ainda que os problemas de disfasia são imperceptíveis na voz quente e aveludada a que nos habituámos. Já quanto à impossibilidade de Collins esgalhar as seis cordas de uma guitarra, ficamos a saber que é colmatada pela presença de muitos amigos e admiradores que conferem uma certa rudeza às melodias: Alex Kapranos e Nick McCarthy dos citados FF, Johnny Marr, Roddy Frame, The Drums, Ryan Jarman (The Cribs), e Romeo Stodart (The Magic Numbers). O tema-título abre o disco com promessas de algo enorme, com guitarras afiadas e coros ameninados, a recuperar as origens punk e pop vintage de Collins.

"Losing Sleep" [Heavenly, 2010]

1 comentário:

Gravilha disse...

fabuloso, sem duvida. há muito que se espera o grande disco do EC pós-Orange Juice. Nessa demanda há momentos notáveis, mas, a meu ver, nunca um disco inteiro ao nivel do que fez antes. Figas, vai ser desta!
abraço,