"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Singles Bar #52







SUBWAY SECT
Ambition
[Rough Trade, 1978]





Vivemos um tempo em que, quer seja pelo crescente número de coleccionadores das pequenas rodelas de vinilo, quer seja pela falta de tempo para digerir o ror de álbuns a que temos acesso, o single tem sido revitalizado. Outrora, era esse o formato preferencial para qualquer banda que quisesse fazer-se notar antes de partir para obras mais ambiciosas (e dispendiosas). Casos houve de projectos que não duraram o tempo suficiente para gravarem um álbum que fosse, sem que isso signifique que não tenham reservado um lugar na História da Pop. Exemplo paradigmático é o dos londrinos Subway Sect, um das muitas bandas a arriscar a sua sorte no fervilhante período pós-punk: dois anos de actividades irregulares renderam outros tantos singles. O mais caricato, é que a banda já se tinha dissolvido aquando da edição de Ambition, o último do par, não podendo assim gozar da relativamente calorosa recepção ao tema-título.
Ouvir "Ambition" pela primeira vez (comigo aconteceu há uns 12 a 15 anos) é perceber de imediato o que torna esta canção especial ao ponto de gente como Morrissey ou John Peel não hesitarem em citar os Subway Sect como uma das suas bandas fétiche. Há neste tema um cuidado com a estrutura que contrasta com a radicalidade da maioria das propostas contemporâneas, e que só encontra paralelo nos Scritti Politti de então. Na rudeza das guitarras e na inquietude da bateria, "Ambition" tem ainda impressas as marcas de uma genealogia punk. Sucede que, em toda a sua duração, é guiado por um órgão do mais cheesy e infantilóide, como que a querer mostrar-se afável. Porém, a principal nota de relevo vai para peculiaridade da voz de Vic Godard, como alguém já a descreveu, algures entre o sentir soul de Bowie e a acuidade de Howard Devoto. Percebe-se agora toda a adoração do vocalista dos Smiths, também ele dono de uma forma de cantar sobejamente sui generis, e que, tal como Godard, evoluiu na idade madura para um estilo próximo do crooning.


Sem comentários: