No manacial de ideias geradas no Reino Unido pós-punk, os bristolianos The Pop Group destacam-se como uma das propostas mais aventureiras. No par de álbuns que deixaram gravados em outros tantos anos de intensa actividade, registaram uma amálgama de punk, dub, noise, world, funk, e muito experimentalismo, que abriu caminho àquilo que ficou conhecido como trip-hop ou som de Bristol (é verdade, embora hoje seja difícil de acreditar...). A mistura abrasiva, tribal, vinha condimentada por uma postura confrontacional que estava muito para além de qualquer manifesto político pré-definido. Como é bom de ver, a nome adoptado por tão desalinhado combo só pode ser uma provocação. Após a dissolução, os seus membros espalharam-se por diversos projectos que disseminaram, em diferentes gradientes, os princípios da banda-mãe: Maximum Joy, Rip Rig + Panic, Pigbag, Head, ou Mark Stewart & The Mafia, este último o de maior visibilidade, com o frontman e principal instigador. Trinta anos volvidos, estão de regresso e prometem novo disco. Para já, têm agendados alguns (poucos) concertos. Visto apenas à luz de uma lógica de comércio do saudosismo, este regresso pode parecer um paradoxo. Porém, depois de ter assistido a concertos de Gang of Four e Wire, seus contemporâneos e confrades na facção mais subversiva do post-punk, estou em crer que as características que definem o Pop Group permanecem intactas. Quem no-lo garante são os próprios no comunicado que deu conta do reagrupamento: "There was a lot left undone,....we were so young and volatile....Let's face it, things are probably even more fucked now than they were in the early 80's.....and we are even more fucked off!".
Nick Cave sobre "We Are All Prostitutes" [Rough Trade, 1980]
- in Music Of The Millenium [Channel 4, 1999]
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