"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

10 anos é muito tempo #23







RYAN ADAMS
Heartbreaker
[Bloodshot, 2000]





Não é muito antiga nem durou muito a minha relação de proximidade com a tendência alt-country que, na transição do século passado para o actual, ganhava páginas na imprensa musical internacional. Esse amor breve é da exclusiva responsabilidade de Ryan Adams (dispensam-se confusões propositadas com o nome, que o rapaz é capaz de fazer birra...) e de Heartbreaker, a sua estreia a solo editada logo após a dissolução dos Whiskeytown, colectivo que já tinha feito alguns avanços insuficientes para me demover. Talvez a paixão tenha nascido do impulso pop de Adams, discípulo assumido de Gram Parsons e, tal como este, capaz de retirar a country do reduto reservado aos puristas. Não será por acaso que Heartbreaker se inicia com uma discussão acerca do álbum que contém "Suedehead", de Morrissey... Além de Adams, o "debate" tem como interlocutor David Rawlings, juntamente com a companheira Gillian Welch, presença permanente no disco, como que assegurar o tradicionalismo que contraria qualquer ímpeto punky do irreverente cantautor. Sem menosprezar a herança de Parsons (e de Dylan, e de Springsteen), olho para este Ryan Adams debutante (25 anos apenas, e uma voz capaz de catalizar todo o desespero do mundo) como uma espécie de Kurt Cobain renascido, com diferentes ferramentas e diferente background, é certo, mas o mesmo afinco no propósito de deixar a nu os fantasmas que atormentam a alma. Duvidam? Então tentem escutar o angst juvenil refinado de "To Be Young (Is To Be Sad, Is To Be High)" ou de "Come Pick Me Up". Ou, em alternativa, o negrume das relações corroídas pelo fracasso de "My Winding Wheel", "Call Me On Your Way Back", ou "In My Time Of Need". Intimista e embriagado, até em certa medida exasperante, Heartbreaker não abdica do seu carácter redentor, materializado num par de temas mais ternurentos: "Oh My Sweet Carolina" (com a participação da lenda Emmylou Harris) e "Sweet Lil Gal (23rd/1st). 
Face a esta estreia auspiciosa, e à tenra idade do autor aquando da sua concepção, augurava-se que Ryan Adams estivesse destinado a voos mais altos, algo que Gold (2001) chegou a ameaçar e que os executivos das editoras pareciam planear. Contudo, o feitio intratável e a falta de crivo editorial para a incontinência criativa sabotaram qualquer plano mais ambicioso . Bem vistas as coisa, antes assim, ou correríamos o risco de agora estar a recordar outro mártir...


"To Be Young (Is To Be Sad, Is To Be High)"


"Call Me On Your Way Back Home"


"Come Pick Me Up"

2 comentários:

Shumway disse...

Aqui o miudo esteve em grande.

Abraço

Miss C. disse...

Sim, esteve em grande.
Mas por alguma razão acho que prefiro os Whiskeytown. Tanto o Strangers Almanac como o Pneumonia (que prefiro) são muito bons!