Desde o início de carreira, pelos alvores do novo século, o percurso dos Deerhunter tem-se pautado por duas premissas: a proficuidade e a inconstância estética. Relativamente ao primeiro ponto basta lembrar que, desde que anunciaram um hiato há coisa de três anos, já lançaram dois álbuns, ou três, se contarmos com o extra de Microcastle (2008), e outros tantos EPs. Isto sem contar com os projectos paralelos dos seus membros e os temas avulsos que vão oferecendo gratuitamente e em quantidades razoáveis, boa acção que faz deles representantes de um espírito independente que ainda sobrevive. No que respeita a opções estéticas, o trajecto da banda de Atlanta tem sido ziguezagueante: apareceram sob um manto impenetrável de noise negativista, incorporaram laivos shoegaze, e evoluíram para a entidade dream-pop com traços de psicadelismo que recolheu alguns proventos. Em qualquer fase, negaram o facilitismo, opção que os afastou dos ouvidos menos treinados.
O volte-face pode ocorrer já com o novíssimo Halcyon Digest, maioritariamente composto pelo guitarrista Lockett Pundt e, até à data, o mais acessível (é elogio) dos discos dos Deerhunter. Num primeiro contacto, estranha-se a ausência do par de temas orelhudos do anterior e citado Microcastle. Porém, este passo lógico, coeso e diminuído no elemento psych, enreda no mar de melancolia esperançada em posteriores audições. Salvo pontuais anomalias, ou não estivéssemos na presença de uma banda que ainda não perdeu o gosto pelo risco, estas onze canções (sim, CANÇÕES) de tons esbatidos deixam-se levar pelas guitarras cristalinas, quase liquefeitas. A voz de Bradford Cox é frágil, quase adormecida. Contudo, soa mais inteligível que nunca. O tema que lhe serviu de aperitivo vem acompanhado de um vídeo que, nas imagens, ilustra exemplarmente a nebulosidade do todo:
O volte-face pode ocorrer já com o novíssimo Halcyon Digest, maioritariamente composto pelo guitarrista Lockett Pundt e, até à data, o mais acessível (é elogio) dos discos dos Deerhunter. Num primeiro contacto, estranha-se a ausência do par de temas orelhudos do anterior e citado Microcastle. Porém, este passo lógico, coeso e diminuído no elemento psych, enreda no mar de melancolia esperançada em posteriores audições. Salvo pontuais anomalias, ou não estivéssemos na presença de uma banda que ainda não perdeu o gosto pelo risco, estas onze canções (sim, CANÇÕES) de tons esbatidos deixam-se levar pelas guitarras cristalinas, quase liquefeitas. A voz de Bradford Cox é frágil, quase adormecida. Contudo, soa mais inteligível que nunca. O tema que lhe serviu de aperitivo vem acompanhado de um vídeo que, nas imagens, ilustra exemplarmente a nebulosidade do todo:
"Helicopter" [4AD, 2010]
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