"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sexta-feira, 1 de junho de 2007

DISCOS PE(R)DIDOS #10

CHAPTERHOUSE
Whirlpool (Dedicated, 1991)

Apesar de a sua formação remontar a 1987, o primeiro álbum dos Chapterhouse chegaria apenas quatro anos mais tarde, já com o comboio do shoegazing a iniciar a trajectória descendente. Talvez por isso, à data, as reacções da crítica especializada, sempre ávida de novas tendências, foram pouco mais do que frias. Contudo, Whirlpool até vendeu em quantidades apreciáveis e é hoje, passados dezasseis anos, alvo de um culto considerável.
Apesar de confessos admiradores dos Spacemen 3, nesta fase da sua carreira os Chapterhouse exibiam uma estética bem distinta da dos seus heróis dopados de Rugby, optando antes pela filiação naquilo a que se resolveu chamar dream pop. A presença de três guitarristas na banda permitia construir tapetes sonoros onde as vozes de Andrew Sheriff e Stephen Patman se fundiam de forma quase imperceptível.
Mas o que torna Whirlpool único é mesmo o jogo de contrastes entre luz e sombra que se desenvolve ao longo do disco após a entrada de rompante com "Breather". Do lado luminoso temos "Pearl" (com a participação vocal de Rachel Goswell dos Slowdive e digno de figurar em qualquer antologia do género), "Treasure" ou "Something More", enquanto que "Autosleeper" e "April" são negros, densos e hipnóticos. Por seu turno, "Falling Down" chega mesmo a flirtar com a cena baggy, igualmente significativa naqueles tempos.
Depois de vários anos fora de catálogo, Whirlpool foi reeditado no ano passado pela estimável Cherry Red, numa edição onde, para além dos nove temas originais com som remasterizado, encontramos sete temas extra retirados dos primeiros EPs da banda, no que constitui um documento fundamental para traçar o retrato de uma era (curta mas gloriosa).
A título de curiosidade, refira-se que uma das grandes glórias da curta carreira dos Chapterhouse foi mesmo terem tocado a seguir aos Nirvana na edição de 1991 do Festival de Reading (cidade natal da banda), algo que seria impensável poucos meses depois.

4 comentários:

Shumway disse...

Uma boa lembrança. Gostei sempre daqueles pedais de efeitos.

E tenho de verificar a reedição, pois se incluir o EP Freefall (nunca mais o encontrei), vale a pena a troca pelo CD original.

M.A. disse...

Acredita que vale realmente a pena. Os temas extra compreendem os b-sides de Freefall, April e Sunburst, à excepção de "Rain" (original dos Beatles).

O Puto disse...

Ora aí está um disco que desafiou os limites do shoegazing. Para mim "Pearl" é um clássico e coloco-o muitas vezes nos meus alinhamentos.

M.A. disse...

Também planeava passar esse tema na minha noite no Incónito mas... esqueci-me do disco em casa.