"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 14 de junho de 2007

FITAS #3

ZODIAC (EUA, 2007)
David Fincher
(c/ Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo, Robert Downey Jr.)

Não se pode dizer que David Fincher seja um dos realizadores mais prolíficos. Entre o desapontante Panic Room e este regresso à boa forma em Zodiac decorreram já cinco anos. No entanto, cada um dos seus filmes constitui um acontecimento que não deixa nenhum cinéfilo indiferente. No actual cinema este estatuto só encontra paralelo em Alejandro González Iñárritu, outro dos poucos que ainda conseguem criar grandes películas que chegam às massas. Se dúvidas houvesse sobre as credenciais de Fincher, bastaria atentar o nível do elenco de Zodiac que, além do trio de principais, integra ainda os notáveis secundários Brian Cox, Chloë Sevigny, Elias Koteas e Philip Baker Hall. Não é para todos!

Marcando o regresso de Fincher à temática do serial killer depois de Se7en, o filme que o trouxe para a ribalta, muitos esperariam mais um espectáculo de violência estilizada (não esquecer que Fincher provém do mundo dos videoclips) que está longe de acontecer. Em vez disso, a violência visual propriamente dita só aparece num par de cenas ainda no primeiro segmento de Zodiac. Mas nem por isso o filme deixa de ser igualmente perturbador, retratando a procura paralela e infrutífera de três homens pela identidade do assassino (auto-intitulado de Zodiac) que em finais da década de 1960 e inícios da década de 1970 aterrorizou a Bay Area californiana. Esses três personagens reais retirados do livro de Robert Graysmith são o reputado jornalista Ted Avery (representado pelo grande Robert Downey Jr.), o seu jovem colega cartoonista (o próprio Graysmith na melhor interpretação de sempre de Jake Gyllenhaal) e um inspector da polícia (Mark Ruffalo).

Se alguns poderão acusar Zodiac de ser demasiado longo (perto das três horas), eu diria que nem por um momento me senti aborrecido durante a projecção do filme. Diria até que esse prolongamento da acção ajuda a adensar a sensação de impotência dos três personagens perante o assassino, bem como a crescente obsessão de cada um deles pelo mesmo (com formas reacção bem distintas).

E se, como afirmei, não temos em Zodiac o espectáculo de violência de Se7en, em compensação temos uma magnífica reconstituição da época do auge da contra-cultura nos EUA, quer seja nos edifícios, nas ruas e, principalmente, nos carros. Um regalo para a vista proporcionado por uma excelente fotografia.

Não tivesse acontecido Fight Club e estaríamos perante o melhor filme de David Fincher...

1 comentário:

Sea disse...

pois aconteceu :), por isso, Zodiac tenha sabido a pouco, fiquei com a sensação de que faltou ali qualquer coisa.
Curiosos teres falado no Iñárritu, Amores Perros, continua a ser um filme de referência, apesar de nunca ter chegado às massas (secalhar, ainda bem).