"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 15 de julho de 2008

Ao vivo #23




















Bonnie 'Prince' Billy @ ZdB, 12/07/2008

Na prateleira contam-se dois discos da fase Palace, o disco gravado a meias com Matt Sweeney, e três álbuns do alias Bonnie 'Prince' Billy (B'P'B), algo que faria de mim um expert de qualquer outro artista, mas que representa apenas uma pequena parcela da obra de Will Oldham.
Como tal, não conhecendo uma boa parte das canções que preencheram o concerto do passado sábado, depreendo que muitas pertençam ao último Lie Down In The Light, disco que ainda não ouvi mas do qual tenho lido recensões bastante elogiosas.
Como muitos, imaginava Oldham um ser soturno, algo que se ficará a dever ao imaginário que povoa as suas canções. Quando entra em palco, de calças arregaçadas e chinelos, qual apanhador de conquilhas, percebemos o quanto essa imagem pré-concebida era falsa. À medida que vai cantando, com aquela voz profunda, que ao vivo supera a captação em disco, ergue o braço que se encontra livre, revira as mãos, e chega até a ensaiar alguns passos de dança, revelando uma faceta teatral inaudita. Para desfazer definitivamente uma réstia de dúvida, na apresentação dos músicos que o acompanham (um percussionista, um contra-baixista, uma violinista, e um guitarrista, com estes dois últimos a darem também um contributo nas vozes), tem até algumas tiradas de um apurado sentido de humor.
E o que dizer das quase duas horas de música no seu estado mais puro, interpretada de forma irrepreensível e com uma paixão invulgar? Pouco há para dizer, muito para sentir, como alguém já disse noutras ocasiões.
No alinhamento escolhido, B'P'B foge ao óbvio, não tocando alguns dos seus temas mais populares, como "I See A Darkness" e "The Way". O público, que mais uma vez esgotou a sala da ZdB, ordeiro e rendido, não reclama, limita-se a aplaudir. Já perto do final, viria a cereja no topo do bolo, com uma interpretação em estado possuído de "Carry Home", original dos grandes Gun Club do malogrado Jeffrey Lee Pierce, tema que já mereceu um soberba versão de Mark Lanegan, outro intérprete do lado obscuro da América. Para a despedida, estava guardado um "boa noite" com pronúncia de fazer inveja a José António Camacho.
Talvez porque o bilhete não fizesse qualquer menção ao facto, não sabia que o espectáculo exigisse indumentária adequada. Envergando uma t-shirt amarela, não pude evitar alguns olhares de soslaio...
Sensivelmente à mesma hora que Will Oldham destilava magia, consta que, nos subúrbios de Lisboa, um cidadão do país da folha de acer escrevia uma parte da História dos concertos em Portugal. É nestas alturas que gostava de ter o dom da ubiquidade...

Good cover versions #9









DROP NINETEENS "Angel" (Caroline, 1992)
[Original: Madonna (1984)]

Depois de anos a penar em bandas medíocres (olá Breakfast Club!) e clubes nocturnos de má-fama, ao segundo disco, Madonna alcançava finalmente o almejado sucesso planetário. Por esses dias, Mrs. Ritchie não era ainda a raposa matreira da actualidade, sempre disposta a sugar muitas das ideias de gente mais jovem em proveito próprio. Os primeiros passos na construção do ícone deram-se com temas imberbes, de letras algo tolas, como é o caso do tema em apreço. À data da sua edição em single - em 1985 - "Angel" obteve um sucesso considerável, um pouco a reboque dos anteriores sucessos extraídos do álbum Like A Virgin. Hoje, compreensivelmente, é um tema algo esquecido da carreira de La Ciccone.
Oriundos de Boston, os Drop Nineteens foram, quase em exclusivo, representantes da (primeira) vaga shoegazing em território norte-americano. Na sua curta vida, em momento algum estiveram perto do chamado sucesso, embora Delaware seja um dos melhores exemplares daquele género que marcou os primeiros anos da década de 1990. É precisamente nesse longa-duração de estreia que podem encontrar este remake completamente adulterado de "Angel", no qual a melodia simples do original é substituída por carradas de distorção. A voz, doce e afogada nas paredes de ruído, ao bom estilo shoegazer, acaba por disfarçar a vulgaridade da letra, criando até um certo efeito hipnótico derivado da repetição abusiva do refrão.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Ao vivo #22

Optimus Alive!08, 10/07/2008

Passados todos os testes à paciência de qualquer pessoa sensata (compra de bilhete da CP, compra do bilhete do dia pela módica quantia de € 45,00, primeiro controlo das entradas, segundo controlo igualmente caótico e dispensável, terceiro controlo para apresentação do bilhetinho, ufff!), com cerca de meia hora de antecipação, lá estava eu dentro do recinto do Alive! pronto para o único concerto que me arrastou aos subúrbios lisboetas numa tarde de quinta feira. Outros não tiveram a mesma sorte...

Atendendo à mole humana que o recinto receberia horas mais tarde, a hora marcada para o concerto dos Spiritualized poderá até ter sido a mais propícia para disfrutar da música de Jason Pierce & C.ª em condições decentes. À parte alguns putos barulhentos a reservar lugar para assistir à revolução encenada marcada para o fim da noite, a assistência do primeiro concerto "a sério" no palco principal era constituída por escassos conhecedores da obra de Pierce. Como seria de esperar num espectáculo com estas características, em palco são poucos os sinais daquela grandiosidade que assoma nos discos dos Spiritualized, compostos na ocasião apenas pelo quinteto nuclear, ao qual se juntam, na maioria dos temas, duas cantoras negras nos coros gospel. Como seria de esperar, o concerto que os trouxe a Portugal foi baseado no recente Songs In A&E, do qual tocaram, entre outros, "Sweet Talk", logo a abrir, e o single "Soul On Fire". Não obstante as limitações impostas pela curta duração do show, houve ainda algumas viagens ao passado. Logo ao segundo tema, Pierce transporta-nos até ao longínquo ano de 1992 com o sublime "Shine A Light", causador daquilo a que se costuma chamar pele-de-galinha neste que vos escreve. Mas os verdadeiros momentos de apoteose ficariam guardados para a parte final, primeiro com uma versão expandida do clássico "Come Together" e, mesmo a fechar, o explosivo "Take Me To The Other Side", creditado aos míticos Spacemen 3, banda prévia de Pierce. Com doses bem medidas de quase-silêncio e espasmos deliberados de ruído, os cinquenta minutos de concerto provocaram alguma desorientação na grunhice junto às grades que, ora em sinal de estupefacção, ora de reprovação, ia observando, alternadamente, palco e público. [8,5/10]

Depois de os ter visto há quase um ano no Sudoeste, a motivação para ver os The National era moderada. Ainda assim, optei pela banda de Matt Berninger, em detrimento dos MGMT que, à mesma hora, actuavam no palco secundário. Com menos histeria na plateia do que o esperado, na primeira metade do concerto ficaram patentes algumas das lacunas da voz de Berninger, demasiado "enrolada" e a denotar alguma inaptidão aos temas mais calmos. Será essa, aliás, a grande pecha do último Boxer, mais evidente em audições repetidas. Já na metade final, beneficiando também de uma banda que parece entrar nos eixos, os The National estiveram ao seu melhor nível em temas como "Abel" ou "Mr. November". [6,5/10]

Do circo Gogol Bordello fiquei para ver apenas o que julgo ser a parte de um tema. As mudanças de ritmo constantes e despropositadas, não permitem ter muitas certezas. Pelo canto do olho, deu para ver que os cobre arrecadados já deram para o velhinho comprar um violino de fazer inveja à Vanessa Mae. Verifiquei também que o palhaço-mor tinha também umas calças novas. Escusado será dizer que o público reagiu à altura dos acontecimentos, ou não fossem os Gogol Bordello a banda ideal para festivais, conforme Decreto-Lei publicado em Julho de 2007... Mano Negra, já alguém ouviu falar?! [1/10]

Sem que tenha feito muito por isso, com esta são já duas a vezes que os suecos The Hives se atravessam no meu caminho. E, se querem que lhes diga, não me importo nada que haja uma terceira. Divertidos, enérgicos, inteligentes, estes rapazes, embora não o pareça, trazem a cartilha do rock'n'roll na ponta da língua. Figura de proa é, obviamente, o frontman Howlin' Pelle Amqvist com as suas tiradas de um humor requintado, não raras vezes, impregnadas de alguma provocação, nem sempre inteligíveis para a maioria do público. Na memória ficam as respostas adequadas a dois dos presentes, impacientes pelo segundo número circense da noite. Atrás de mim, alguém que parecia estar a apreciar o concerto, reagiu à atitude do vocalista como se este tivesse acabado de cometer um crime de lesa-pátria. Será, talvez, nestas reacções que se vislumbra a obra dos cinco anos de pontificado de Scolari... E, pergunto eu, será que alguém se deu conta do tributo descarado aos Ramones em "Return The Favour"? Atendendo à quantidade de t-shirts dos ditos, não deixa de ser pertinente a pergunta. [7,5/10]

A única incursão pelo palco secundário aconteceu já na parte final do concerto dos Hercules and Love Affair, uma dos mais patéticos "fenómenos" do ano. Pelo que vi, esta malta gosta de misturadas de alguns dos sons que fizeram abanar os corpos nas últimas décadas: disco sound, uma pitada de funk, mutant disco, e acid jazz. Os resultados são inconsequentes, para não dizer catastróficos. Ah, mas a enguia de vestidito azul era bem vistosa... [1,5/10]

Enquanto engolia a última cerveja da noite, acabei por ficar para ver um pedacito do principal motivo de tamanha afluência de público no primeiro dia do Alive!: os Rage Against the Machine, banda que, em tempos de gosto indefinido consumi em doses moderadas. Hoje, quem me conhece, sabe que no que toca a Public Enemy prefiro os originais - os pretos - e não a versão mal-amanhada-made-by-MTV-para-brancos-que-não-apreciam-hip-hop. Aborrecido, previsível, poseur, monótono, são alguns dos adjectivos que me ocorrem, e que me podem valer o linchamento público... [2/10]

sábado, 12 de julho de 2008

Duetos #4

Assinalando a segunda noite consecutiva dele, na mesma sala onde ela brilhou há coisa de um mês e tal. As expectativas são, obviamente, altas...

Scout Niblett & Bonnie 'Prince' Billy "Kiss" [Too Pure, 2007]

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Going blank again #25


















THE VANDELLES

Origem: Brooklyn, Nova Iorque (US)
Período de actividade: 2005-
Influências: The Jesus and Mary Chain, Spacemen 3, The Beach Boys, Ramones, The Velvet Underground
A ouvir: The Vandelles EP (Safranin Sound, 2007)

MySpace

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Ladies and gentlemen, I'll be floating in space

Até hoje, estive indeciso. Mas, no final, a paixão pela música de Mr. Spaceman falou mais alto, mesmo a horas impróprias para o seu consumo nas condições desejáveis.
Assim sendo, amanhã lá estarei para incrementar os dividendos de uma promotora que ignora por completo o estatuto das bandas que contrata. Sobre os restantes dias não me pronuncio, mas a ordem das bandas no primeiro dia do Alive! 2008 tem tanto de autista, como de demonstração inequívoca da vontade de capitalizar o recente fenómeno nationalista, para posterior oferta às massas ad nauseum. Qualquer leigo da Economia chegaria à mesma conclusão: concertos com bandas baratas, de preferência populares, traduzem-se em maiores ganhos.
E eu que nunca pus em causa a dedicação do Sr. Covões à música... Só é pena que, neste País, abundem exemplares da mesma espécie...


Spiritualized "Come Together" [Dedicated, 1997]

terça-feira, 8 de julho de 2008

O que diria Shakespeare?

No activo desde 2005, os Titus Andronicus (TA) só agora chegam ao debute em formato longo. Quando ouvimos The Airing Of Grievances, e nos damos conta da maturidade evidenciada por estes cinco rapazes na casa dos vinte e poucos, só podemos concluir que o período de estágio foi proveitoso. Mistura enérgica de citações que vão dos Guided by Voices a Springsteen (ou não fossem os TA oriundos de New Jersey...), do indie rock clássico ao lo-fi, com uma voz a fazer lembrar o wonder-boy Conor Oberst em dia de má-disposição, The Airing... é, para já, uma das estreias recentes mais aplaudidas por estas bandas. E, ao contrário do que se possa pensar, muito mais do que a soma das partes.
No que respeita a referências "culturais", esta rapaziada não se fica pela tragédia de Shakespeare à qual foram buscar o nome: nas nove canções que compõem o álbum, poderão encontrar, entre outras, alusões a pintores renascentistas flamengos e a escritores absurdistas fraco-argelinos.
I'll play it loud, if you don't mind.

Titus Andronicus no MySpace

They used to call him tricky kid

Não obstante a desorientação que se seguiu aos quatro primeiros discos (Nearly God incluído), Tricky será sempre o "meu" génio de Bristol, e um dos poucos músicos que consigo ver como tal nas últimas duas décadas.
É pois com agrado que observo o regresso do maverick ao trilho certo com o oitavo álbum de originais, e primeiro para a Domino Records. Ao bom estilo biográfico trickiano, Knowle West Boy é, simultaneamente, um tributo ao bairro onde nasceu e cresceu, e aos sons que constituíram a banda-sonora desses primeiros anos de vida. Isto, trocado em miúdos, significa uma miscelânea esquizóide de rock, música jamaicana, urgência post-punk, hip hop tresmalhado, pianadas maradas a la Tom Waits, homenagens mais ou menos óbvias aos grandes The Specials, e até uma versão de um original de Kylie Minogue! Tudo, é claro, abrilhantado por um selecto rol de vocalistas convidadas.
Aviso desde já os mais entusiasmados que o novo disco não é propriamente um novo Maxinquaye, mas que é muito bom, lá isso é! Para ouvir repetidamente sem contra-indicações e com alguma saudade...

Tricky no MySpace

segunda-feira, 7 de julho de 2008

For all the fucked up children of the world #5

Sleater-Kinney "Jumpers" [Sub Pop, 2005]

"My falling shape will draw a line
Between the blue of sea and sky
I'm not a bird
I'm not a plane

I took a taxi to the Gate
I will not go to school again
Four seconds was
The longest wait."

O uivo do falcão

A imagem acima reproduz a capa de Batcat, o extended play que antecede em quinze dias The Hawk Is Howling, o sexto álbum dos escoceses Mogwai com edição prevista para 22 de Setembro.
Este EP tem a particularidade de contar com a colaboração do lendário Roky Erickson numa das suas três faixas. Quanto ao álbum, a julgar pelo tema disponível no MySpace, parece evidenciar um maior recurso às ferramentas electrónicas em abono da melodia.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Going blank again #24














SCREEN VINYL IMAGE

Origem: Washington DC (US)
Período de actividade: 2007-
Influências: My Bloody Valentine, Curve, Suicide, The Jesus and Mary Chain, cold wave electronica
A ouvir: The Midnight Sun EP (Safranin Sound, 2007)

MySpace

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Terceiro colapso

Foto: David Needleman

Para além de serem um dos nomes que engrossa o catálogo da Sub Pop Records, os nova-iorquinos Oxford Collapse são também uns dos principais responsáveis no presente pela revitalização do indie pop mais "académico". Na currículo têm já alguns EPs e dois álbuns, anunciado-se a edição de um terceiro para o próximo mês, Bits de sua graça.
Depois de passarem os olhos pelo vídeo deste tema irresistível do anterior Remember The Night Parties, suponho que queiram vasculhar mais aqui.

"Please Visit Your National Parks" [Sub Pop, 2006]

terça-feira, 1 de julho de 2008

Renascidos a 4 de Julho

Foto: Rob Bennett / The New York Times

Conforme noticia a edição online do The New York Times, os míticos The Feelies regressam à vida nesta semana. Para já, o renascimento desta banda surgida em 1977 no estado de Nova Jérsia, resume-se a três concertos: hoje e amanhã em Hoboken (terra-natal dos Yo La Tengo, também no estado de NJ) e sexta, 4 de Julho, em Nova Iorque a abrir para os Sonic Youth. Este último concerto resulta de um convite de Thurston Moore, lembrando-se da especial apetência dos Feelies dos primeiros tempos para tocar em dias feriados.
Para que conste, lembro que os Feelies deixaram uma descendência comum à dos Mission of Burma - de que vos falei ontem - muito por obra do seminal disco de estreia: Crazy Rhythms, de 1980. No entanto, o line-up da actual formação é o mesmo da última aparição pública, em 1992, não integrando Anton Fier, o baterista que abandonou o barco logo após a edição daquele disco para se dedicar aos Golden Palominos.
Resta acrescentar que os ingressos para as três datas da banda liderada por Glenn Mercer esgotaram num ápice.

"Crazy Rhythms" (live)

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Singles Bar #21


















MISSION OF BURMA
Academy Fight Song
[Ace of Hearts, 1980]

The halls smell like piss
The rooms are underlit
Still it must be nice
You're such a perfect fit
What's that I hear?
The sound of marching feet
It has a strange allure
It has a strange... allure

Stay just as far from me
As me from you
Make sure that you are sure
Of everything I do
'Cause I'm not not not not not not not not
Your academy
Your academy

Sem o saberem, muitos conhecerão os Mission of Burma (MoB) de "That's When I Reach For My Revolver", canção já reinterpretada por gente como Graham Coxon ou Moby. No entanto, poucos serão os têm a noção do real peso da primeira vida desta banda de Boston (os MoB reagruparam-se em 2002) em posteriores desenvolvimentos da dita música alternativa. Michael Azerrad, no livro Our Band Could Be Your Life, vai ao ponto lhes atribuir o pontapé de saída do indie rock. Exagero? Talvez... Mas convém referir que a lista daqueles que se confessaram seus seguidores compreende nomes como R.E.M., Yo La Tengo, Fugazi, Nirvana, ou Sonic Youth, só para citar alguns. E isto, tendo deixado como legado desta primeira existência nada mais do que um álbum, um EP e dois singles.
Deram-se a conhecer ao mundo precisamente com este Academy Fight Song, um claro manifesto de intenções: post-punk de contornos arty, seco, cerebral e directo, na linha de bandas como os Gang of Four e os Wire. A letra do tema que preenche o lado A, qual canção de protesto "inteligente", aborda a temática da vida militar com muito sarcasmo. No lado B encontramos "Max Ernst" que, com as mesmas ferramentas do tema principal, lamenta a incompreensão de que foi alvo o artista plástico alemão que dá nome à canção, figura de referência dos movimentos dadaísta e surrealista.
Aos potenciais interessados lembro que estas canções, e todo o restante acervo da primeira encarnação dos MoB, estão incluídas no recente pacote de reedições da Matador Records.

domingo, 29 de junho de 2008

Baby, I'm bored
















Ainda não está 100% confirmado, mas parece que há fortes probabilidades de Evan Dando e sus muchachos aterrarem em Paredes de Coura a 3 de Agosto próximo.
F***-se! Logo este ano que já tenho tudo programado para comparecer no Alto Minho apenas durante o 1.º de Agosto, dia em que pretendo voar sobre os festivaleiros durante "Swastika Eyes".
Será que não dava para para retocarem o cartaz? Sei lá... estava a pensar numa troca com os ... hhmmmm... Editors...

The Lemonheads "My Drug Buddy" [Atlantic, 1992]

P.S.: Ainda agora, o televisor sintonizado na MTV2 aqui mesmo ao lado passava o vídeo de "Mrs. Robinson". Um sinal do Além?!

Ao vivo #21, ou o Amor é um gajo estranho, ou Arriba! Avanti Pop Dell' Arte!














Pop Dell' Arte @ ZdB, 28/06/2008

Compreensivelmente, e à semelhança de uma imensa minoria, não tive a sorte de ver os Pop Dell' Arte (PD'A) em concerto na sua fase quase mítica, vai para uns bons vinte anos. Depois de uma série de irritantes cancelamentos sucessivos, João Peste & Cia. regressariam em força em Julho de 2005 na sala do Fórum Lisboa. Seria essa a primeira vez que tinha o ensejo de ver in vivo os PD'A.
Se aquele excelente concerto de há três anos tinha sido uma espécie de super-produção, a consagração da Fénix renascida, ontem à noite aconteceu aquilo que imagino ser a reconstituição das míticas prestações do tempo em que os PD'A eram os maiores agitadores da pop made in Portugal. O carácter informal, o alinhamento tipo best of, e o ambiente criado pela assistência mais "boa onda" que jamais vi num concerto para isso contribuíram.
O espectáculo propriamente dito, que ultrapassou largamente a hora e meia de duração, dividiu-se em duas partes distintas: uma primeira, em jeito de aquecimento, com alguns temas mais introspectivos, nos quais se destaca o cunho performativo de Peste; e uma segunda reservada a um sem número de "clássicos" mais ritmados que puseram toda a gente a dançar, elevando a temperatura do espaço exíguo do aquário da ZdB para perto dos 50ºC. Como será fácil de adivinhar, não faltaram "My Funny Ana Lana", "Querelle", "Sonhos Pop", ou "All You Need Is Money". Já em encore, lá viria finalmente "Zip Zap Woman" (insistentemente pedido desde o início da noite), "Esborre" e - surpresa, ou nem tanto - uma versão de "20th Century Boy" dos T.Rex.
Este concerto surge num período em que circulam rumores de um possível novo disco dos PD'A, o que, vindo de quem vem, é esperar para ver... Resta-nos acreditar que este Peste renascido ainda tenha um sonho ou dois...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Vantagens do exercício físico

Provenientes de Austin, os White Denim são já a quarta banda texana de que vos falo nos últimos dias. John Robinson, numa resenha publicada no último número da Uncut, sintetiza a música deste trio de forma curiosa: "provavelmente o retrato de Dorian Gray no sótão de James Murphy".
De facto, e à semelhança do maestro dos LCD Soundsystem, esta malta revela um inusitado engenho na conciliação de referências dentro de uma linguagem muito própria. No entanto, ao contrário daquele, os White Denim dispensam adornos que tornem o som mais atractivo. O resultado é uma maradice que exala um intenso a garagem.
Chamaram a atenção dos mais atentos com um surpreendente single no ano passado (v. vídeo mais abaixo). Agora, chega finalmente Workout Holiday, o debute em longa-duração que, aposto, dividirá opiniões. Mas, uma coisa é certa: depois de ouvir os White Denim, ninguém fica indiferente!

White Denim no MySpace


"Let's Talk About It" [Full Time Hobby, 2007]

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Going blank again #23




















EXPERIMENTAL AIRCRAFT

Origem: Austin, Texas (US)
Período de actividade: 1997-
Influências: Slowdive, Mojave 3, Stereolab, The Cure, The Velvet Underground, Sonic Youth
A ouvir: Third Transmission: Meet Me On Echo Echo Terrace (Graveface, 2008)

MySpace

Em escuta #30


















THE BLACK ANGELS
Directions To See A Ghost
[Light In The Attic, 2008]

Quando se deu a conhecer, há coisa de dois anos, este combo texano foi, desde logo, motivo de júbilo por estas bandas. Traziam na bagagem Passover, álbum de estreia pungente e negro, com vista para o psicadelismo de finais de sessentas.
Ao primeiro contacto, sobressai no novo Directions To See A Ghost uma clara perda do poder de fogo do seu antecessor, sendo, neste particular, "You On The Run" a excepção. Não será por acaso que foi escolhido para tema de abertura. Dessa primeira audição fica também uma ligeira sensação de repetição, com os onze temas a soarem muito semelhantes entre si. Sensação essa que se desvanece à medida que, em escutas sucessivas, nos vamos deixando embrenhar na teia urdida pelas Black Angels, quais Jefferson Airplane sujeitos a uma dieta de Spacemen 3. A partir daqui, digo-vos, o efeito de Directions... é hipnótico.
Num disco compacto e homogéneo (não confundir com monótono), há ainda assim temas que sobressaem. É o caso de "Deer-Ree-Shee", grande surpresa ao introduzir a sitar (com solo e tudo!) no universo dos anjos negros. O final deste tema funde-se com o início de "Never/Ever", oito minutos e meio de tirar o fôlego: cântico tribal de início, a dar lugar ao duelo da guitarra com a drone machine, com uma bateria marcial a pautar o ritmo. Entre os pontos altos, destaquemos ainda o já citado tema inaugural. No extremo oposto, como momento relativamente falhado, está "Snake In The Grass", o tema de encerramento que, nos seus mais de dezasseis minutos de duração, estica demasiado a fórmula.
A voz de Alex Maas, no passado acusatória e inflamada, com recados mais ou menos óbvios ao ocupante da Casa Branca e obreiro da 2.ª Guerra do Golfo, surge agora "afogada" na instrumentação densa. Desta feita, as letras, mais difusas, abordam temas negros da construção da Nação Americana como os massacres dos nativos.
Não provocando o efeito surpresa do antecessor, entenda-se Directions... como uma variação sobre o mesmo tema, garantindo aos Black Angels a passagem com distinção na prova de fogo do segundo disco. Num terceiro fôlego, em que já não contarão com a drone machine de Jennifer Raines, que entretanto abandonou o barco, é legítimo que se lhes exijam outras direcções...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Gralhas e aves marinhas

Foto: Mary Sledd

A origem dos Shearwater remonta à alvorada da corrente década, quando Jonathan Meiburg e Will Sheff, membros dos Okkervil River, sentiram a necessidade de criar um projecto paralelo para dar vazão a uma série de canções mais calmas que não encaixavam na sua banda principal. Dado o primeiro passo, cedo o primeiro assumiu esta empreitada a tempo inteiro, enquanto Sheff vai colaborando como pode nas horas vagas da cada vez mais carregada agenda ao leme dos Okkervil River.
Com Rook, o quinto álbum lançado recentemente, estreiam-se na respeitável Matador Records. Este disco sucede a Palo Santo (2006), responsável pela afirmação dos Shearwater como nome maior do cenário indie-folk. As dez delicadas canções que compõem Rook, reminiscentes de Tim Buckley, Leonard Cohen, ou Nick Drake, parecem prometer voos mais altos para a banda responsável por aquele que será, seguramente, um dos discos mais bonitos do ano.

Shearwater no MySpace