Passados todos os testes à paciência de qualquer pessoa sensata (compra de bilhete da CP, compra do bilhete do dia pela módica quantia de € 45,00, primeiro controlo das entradas, segundo controlo igualmente caótico e dispensável, terceiro controlo para apresentação do bilhetinho, ufff!), com cerca de meia hora de antecipação, lá estava eu dentro do recinto do Alive! pronto para o único concerto que me arrastou aos subúrbios lisboetas numa tarde de quinta feira. Outros não tiveram a mesma sorte...
Atendendo à mole humana que o recinto receberia horas mais tarde, a hora marcada para o concerto dos Spiritualized poderá até ter sido a mais propícia para disfrutar da música de Jason Pierce & C.ª em condições decentes. À parte alguns putos barulhentos a reservar lugar para assistir à revolução encenada marcada para o fim da noite, a assistência do primeiro concerto "a sério" no palco principal era constituída por escassos conhecedores da obra de Pierce. Como seria de esperar num espectáculo com estas características, em palco são poucos os sinais daquela grandiosidade que assoma nos discos dos Spiritualized, compostos na ocasião apenas pelo quinteto nuclear, ao qual se juntam, na maioria dos temas, duas cantoras negras nos coros gospel. Como seria de esperar, o concerto que os trouxe a Portugal foi baseado no recente Songs In A&E, do qual tocaram, entre outros, "Sweet Talk", logo a abrir, e o single "Soul On Fire". Não obstante as limitações impostas pela curta duração do show, houve ainda algumas viagens ao passado. Logo ao segundo tema, Pierce transporta-nos até ao longínquo ano de 1992 com o sublime "Shine A Light", causador daquilo a que se costuma chamar pele-de-galinha neste que vos escreve. Mas os verdadeiros momentos de apoteose ficariam guardados para a parte final, primeiro com uma versão expandida do clássico "Come Together" e, mesmo a fechar, o explosivo "Take Me To The Other Side", creditado aos míticos Spacemen 3, banda prévia de Pierce. Com doses bem medidas de quase-silêncio e espasmos deliberados de ruído, os cinquenta minutos de concerto provocaram alguma desorientação na grunhice junto às grades que, ora em sinal de estupefacção, ora de reprovação, ia observando, alternadamente, palco e público. [8,5/10]
Depois de os ter visto há quase um ano no Sudoeste, a motivação para ver os The National era moderada. Ainda assim, optei pela banda de Matt Berninger, em detrimento dos MGMT que, à mesma hora, actuavam no palco secundário. Com menos histeria na plateia do que o esperado, na primeira metade do concerto ficaram patentes algumas das lacunas da voz de Berninger, demasiado "enrolada" e a denotar alguma inaptidão aos temas mais calmos. Será essa, aliás, a grande pecha do último Boxer, mais evidente em audições repetidas. Já na metade final, beneficiando também de uma banda que parece entrar nos eixos, os The National estiveram ao seu melhor nível em temas como "Abel" ou "Mr. November". [6,5/10]
Do circo Gogol Bordello fiquei para ver apenas o que julgo ser a parte de um tema. As mudanças de ritmo constantes e despropositadas, não permitem ter muitas certezas. Pelo canto do olho, deu para ver que os cobre arrecadados já deram para o velhinho comprar um violino de fazer inveja à Vanessa Mae. Verifiquei também que o palhaço-mor tinha também umas calças novas. Escusado será dizer que o público reagiu à altura dos acontecimentos, ou não fossem os Gogol Bordello a banda ideal para festivais, conforme Decreto-Lei publicado em Julho de 2007... Mano Negra, já alguém ouviu falar?! [1/10]
Atendendo à mole humana que o recinto receberia horas mais tarde, a hora marcada para o concerto dos Spiritualized poderá até ter sido a mais propícia para disfrutar da música de Jason Pierce & C.ª em condições decentes. À parte alguns putos barulhentos a reservar lugar para assistir à revolução encenada marcada para o fim da noite, a assistência do primeiro concerto "a sério" no palco principal era constituída por escassos conhecedores da obra de Pierce. Como seria de esperar num espectáculo com estas características, em palco são poucos os sinais daquela grandiosidade que assoma nos discos dos Spiritualized, compostos na ocasião apenas pelo quinteto nuclear, ao qual se juntam, na maioria dos temas, duas cantoras negras nos coros gospel. Como seria de esperar, o concerto que os trouxe a Portugal foi baseado no recente Songs In A&E, do qual tocaram, entre outros, "Sweet Talk", logo a abrir, e o single "Soul On Fire". Não obstante as limitações impostas pela curta duração do show, houve ainda algumas viagens ao passado. Logo ao segundo tema, Pierce transporta-nos até ao longínquo ano de 1992 com o sublime "Shine A Light", causador daquilo a que se costuma chamar pele-de-galinha neste que vos escreve. Mas os verdadeiros momentos de apoteose ficariam guardados para a parte final, primeiro com uma versão expandida do clássico "Come Together" e, mesmo a fechar, o explosivo "Take Me To The Other Side", creditado aos míticos Spacemen 3, banda prévia de Pierce. Com doses bem medidas de quase-silêncio e espasmos deliberados de ruído, os cinquenta minutos de concerto provocaram alguma desorientação na grunhice junto às grades que, ora em sinal de estupefacção, ora de reprovação, ia observando, alternadamente, palco e público. [8,5/10]
Depois de os ter visto há quase um ano no Sudoeste, a motivação para ver os The National era moderada. Ainda assim, optei pela banda de Matt Berninger, em detrimento dos MGMT que, à mesma hora, actuavam no palco secundário. Com menos histeria na plateia do que o esperado, na primeira metade do concerto ficaram patentes algumas das lacunas da voz de Berninger, demasiado "enrolada" e a denotar alguma inaptidão aos temas mais calmos. Será essa, aliás, a grande pecha do último Boxer, mais evidente em audições repetidas. Já na metade final, beneficiando também de uma banda que parece entrar nos eixos, os The National estiveram ao seu melhor nível em temas como "Abel" ou "Mr. November". [6,5/10]
Do circo Gogol Bordello fiquei para ver apenas o que julgo ser a parte de um tema. As mudanças de ritmo constantes e despropositadas, não permitem ter muitas certezas. Pelo canto do olho, deu para ver que os cobre arrecadados já deram para o velhinho comprar um violino de fazer inveja à Vanessa Mae. Verifiquei também que o palhaço-mor tinha também umas calças novas. Escusado será dizer que o público reagiu à altura dos acontecimentos, ou não fossem os Gogol Bordello a banda ideal para festivais, conforme Decreto-Lei publicado em Julho de 2007... Mano Negra, já alguém ouviu falar?! [1/10]
Sem que tenha feito muito por isso, com esta são já duas a vezes que os suecos The Hives se atravessam no meu caminho. E, se querem que lhes diga, não me importo nada que haja uma terceira. Divertidos, enérgicos, inteligentes, estes rapazes, embora não o pareça, trazem a cartilha do rock'n'roll na ponta da língua. Figura de proa é, obviamente, o frontman Howlin' Pelle Amqvist com as suas tiradas de um humor requintado, não raras vezes, impregnadas de alguma provocação, nem sempre inteligíveis para a maioria do público. Na memória ficam as respostas adequadas a dois dos presentes, impacientes pelo segundo número circense da noite. Atrás de mim, alguém que parecia estar a apreciar o concerto, reagiu à atitude do vocalista como se este tivesse acabado de cometer um crime de lesa-pátria. Será, talvez, nestas reacções que se vislumbra a obra dos cinco anos de pontificado de Scolari... E, pergunto eu, será que alguém se deu conta do tributo descarado aos Ramones em "Return The Favour"? Atendendo à quantidade de t-shirts dos ditos, não deixa de ser pertinente a pergunta. [7,5/10]
A única incursão pelo palco secundário aconteceu já na parte final do concerto dos Hercules and Love Affair, uma dos mais patéticos "fenómenos" do ano. Pelo que vi, esta malta gosta de misturadas de alguns dos sons que fizeram abanar os corpos nas últimas décadas: disco sound, uma pitada de funk, mutant disco, e acid jazz. Os resultados são inconsequentes, para não dizer catastróficos. Ah, mas a enguia de vestidito azul era bem vistosa... [1,5/10]
Enquanto engolia a última cerveja da noite, acabei por ficar para ver um pedacito do principal motivo de tamanha afluência de público no primeiro dia do Alive!: os Rage Against the Machine, banda que, em tempos de gosto indefinido consumi em doses moderadas. Hoje, quem me conhece, sabe que no que toca a Public Enemy prefiro os originais - os pretos - e não a versão mal-amanhada-made-by-MTV-para-brancos-que-não-apreciam-hip-hop. Aborrecido, previsível, poseur, monótono, são alguns dos adjectivos que me ocorrem, e que me podem valer o linchamento público... [2/10]
A única incursão pelo palco secundário aconteceu já na parte final do concerto dos Hercules and Love Affair, uma dos mais patéticos "fenómenos" do ano. Pelo que vi, esta malta gosta de misturadas de alguns dos sons que fizeram abanar os corpos nas últimas décadas: disco sound, uma pitada de funk, mutant disco, e acid jazz. Os resultados são inconsequentes, para não dizer catastróficos. Ah, mas a enguia de vestidito azul era bem vistosa... [1,5/10]
Enquanto engolia a última cerveja da noite, acabei por ficar para ver um pedacito do principal motivo de tamanha afluência de público no primeiro dia do Alive!: os Rage Against the Machine, banda que, em tempos de gosto indefinido consumi em doses moderadas. Hoje, quem me conhece, sabe que no que toca a Public Enemy prefiro os originais - os pretos - e não a versão mal-amanhada-made-by-MTV-para-brancos-que-não-apreciam-hip-hop. Aborrecido, previsível, poseur, monótono, são alguns dos adjectivos que me ocorrem, e que me podem valer o linchamento público... [2/10]
5 comentários:
Não pude ir foi uma pena.
Lá se foi a minha oportunidade de alguma vez ver os Spiritualized...
Como não podia deixar de ser, não posso discordar mais sobre Hercules & Love Affair. Acho que é mesmo isto, uma mistura feliz de "disco sound, uma pitada de funk, mutant disco, e acid jazz" e temos aí um dos grandes discos de 2008 ;)
É triste ouvir dizer que os Hercules and Love Affair são patéticos.
Manuel
E onde é que ouviste uma coisa dessas? :)
Aqui, quando muito, leste, não uma verdade insofismável, mas sim a opinião de alguém já considerava medonhos, na primeira vinda à Terra, os géneros que os H&LA combinam. Excepção feita a grande parte da produção acid jazz e algum funk. Daí o adjectivo com que os caracterizo.
Cheers!
Ah.. peço desculpa ;)
Manuel
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