"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 22 de julho de 2008

Em escuta #31


















PRIMAL SCREAM
Beautiful Future
[B-Unique, 2008]

Numa carreira que leva já mais de vinte anos, são mais as vezes que os Primal Scream mudaram de rumo estético do que aquelas que Liz Taylor mudou de marido. Beautiful Future, a nova aventura de Bobby Gillespie e seus pares, resulta em certa medida como uma compêndio dos géneros anteriormente abordados. Nem sempre com sucesso, diga-se. Mas, a quem conta já com dois álbuns históricos tudo se perdoa. Dois anos após o sofrível Riot City Blues, espécie de remake pálido do incompreendido Give Out But Don't Give Up (1994), eis que, não obstante alguns desvios menores, regressam ao trilho certo.
O pontapé de saída deste álbum, que é já o nono de uma carreira errante, dá-se com o tema-título, pop optimista, cheio de boogie, e uma espécie de recado aos que já decretavam a morte da banda. Segue-se-lhe, em registo Primal Scream vintage, "Can't Go Back", tema altamente apelativo que combina com sucesso a pulsão rock e os ritmos dançantes, justificando a escolha para single de apresentação. "Uptown" e "The Glory Of Love" introduzem os ritmos funk. O primeiro leva o nome de um tema de Prince e é nitidamente devedor do "pequeno génio"de Minneapolis. O segundo, com laivos kraut, remete-nos para Evil Heat (2002). Na sujidade negra de "Suicide Bomb", igualmente de filiação teutónica, encontramos um dos pontos altos de Beautiful Future. "Zombie Man" é o inevitável e dispensável número Stones. Depois, é suster a respiração para o belíssimo "Beautiful Summer", pop imaculada com malha de guitarra irresistível.
Para a parte final do disco ficam guardadas as colaborações dos convidados mediáticos: Lovefoxxx, Linda Thompson e Josh Homme. Com a frontwoman das CSS, Gillespie tenta fazer de "I Love to Hurt (You Love to Be Hurt)" - sem sucesso - a reedição do dueto com Kate Moss na versão do clássico "Some Velvet Morning". Já a lenda folk, numa colaboração algo inesperada, contribui para que "Over And Over" seja o grande momento de todo álbum. E o mais bonito, também. Por último, resta dizer que os solos de Homme fazem tanta falta a "Necro Hex Blues" como os últimos discos dos Queens of the Stone Age fazem ao mundo. Muito pouca, por sinal.
Amputado de alguns momentos de menor inspiração, Beautiful Future teria condições para entrar para o lote dos obrigatórios dos Primal Scream. Assim, restam a meia dúzia de temas irrepreensíveis que permitem aspirar a um futuro bonito, e uma forte convicção de que devem resultar muito bem em palco. Para conferir dentro de poucos dias...

2 comentários:

Anónimo disse...

De todas as canções que mencionas ainda só ouvi "I Love to Hurt (You Love to Be Hurt)" e não fiquei muito entusiasmada. Pode ser que ouvindo todo o álbum mude de opinião.

Estou ansiosa para ver como é que se comportam em palco...

PdC here we go!!!!!!!

M.A. disse...

Eu menciono TODOS os temas :)

Não é um "Screamadelica", nem sequer um "XTRMNTR", mas tirando um ou outro tema, o saldo é bem positivo.

Here we go!!!!