Bonnie 'Prince' Billy @ ZdB, 12/07/2008
Na prateleira contam-se dois discos da fase Palace, o disco gravado a meias com Matt Sweeney, e três álbuns do alias Bonnie 'Prince' Billy (B'P'B), algo que faria de mim um expert de qualquer outro artista, mas que representa apenas uma pequena parcela da obra de Will Oldham.
Como tal, não conhecendo uma boa parte das canções que preencheram o concerto do passado sábado, depreendo que muitas pertençam ao último Lie Down In The Light, disco que ainda não ouvi mas do qual tenho lido recensões bastante elogiosas.
Como muitos, imaginava Oldham um ser soturno, algo que se ficará a dever ao imaginário que povoa as suas canções. Quando entra em palco, de calças arregaçadas e chinelos, qual apanhador de conquilhas, percebemos o quanto essa imagem pré-concebida era falsa. À medida que vai cantando, com aquela voz profunda, que ao vivo supera a captação em disco, ergue o braço que se encontra livre, revira as mãos, e chega até a ensaiar alguns passos de dança, revelando uma faceta teatral inaudita. Para desfazer definitivamente uma réstia de dúvida, na apresentação dos músicos que o acompanham (um percussionista, um contra-baixista, uma violinista, e um guitarrista, com estes dois últimos a darem também um contributo nas vozes), tem até algumas tiradas de um apurado sentido de humor.
E o que dizer das quase duas horas de música no seu estado mais puro, interpretada de forma irrepreensível e com uma paixão invulgar? Pouco há para dizer, muito para sentir, como alguém já disse noutras ocasiões.
No alinhamento escolhido, B'P'B foge ao óbvio, não tocando alguns dos seus temas mais populares, como "I See A Darkness" e "The Way". O público, que mais uma vez esgotou a sala da ZdB, ordeiro e rendido, não reclama, limita-se a aplaudir. Já perto do final, viria a cereja no topo do bolo, com uma interpretação em estado possuído de "Carry Home", original dos grandes Gun Club do malogrado Jeffrey Lee Pierce, tema que já mereceu um soberba versão de Mark Lanegan, outro intérprete do lado obscuro da América. Para a despedida, estava guardado um "boa noite" com pronúncia de fazer inveja a José António Camacho.
Talvez porque o bilhete não fizesse qualquer menção ao facto, não sabia que o espectáculo exigisse indumentária adequada. Envergando uma t-shirt amarela, não pude evitar alguns olhares de soslaio...
Sensivelmente à mesma hora que Will Oldham destilava magia, consta que, nos subúrbios de Lisboa, um cidadão do país da folha de acer escrevia uma parte da História dos concertos em Portugal. É nestas alturas que gostava de ter o dom da ubiquidade...
Como tal, não conhecendo uma boa parte das canções que preencheram o concerto do passado sábado, depreendo que muitas pertençam ao último Lie Down In The Light, disco que ainda não ouvi mas do qual tenho lido recensões bastante elogiosas.
Como muitos, imaginava Oldham um ser soturno, algo que se ficará a dever ao imaginário que povoa as suas canções. Quando entra em palco, de calças arregaçadas e chinelos, qual apanhador de conquilhas, percebemos o quanto essa imagem pré-concebida era falsa. À medida que vai cantando, com aquela voz profunda, que ao vivo supera a captação em disco, ergue o braço que se encontra livre, revira as mãos, e chega até a ensaiar alguns passos de dança, revelando uma faceta teatral inaudita. Para desfazer definitivamente uma réstia de dúvida, na apresentação dos músicos que o acompanham (um percussionista, um contra-baixista, uma violinista, e um guitarrista, com estes dois últimos a darem também um contributo nas vozes), tem até algumas tiradas de um apurado sentido de humor.
E o que dizer das quase duas horas de música no seu estado mais puro, interpretada de forma irrepreensível e com uma paixão invulgar? Pouco há para dizer, muito para sentir, como alguém já disse noutras ocasiões.
No alinhamento escolhido, B'P'B foge ao óbvio, não tocando alguns dos seus temas mais populares, como "I See A Darkness" e "The Way". O público, que mais uma vez esgotou a sala da ZdB, ordeiro e rendido, não reclama, limita-se a aplaudir. Já perto do final, viria a cereja no topo do bolo, com uma interpretação em estado possuído de "Carry Home", original dos grandes Gun Club do malogrado Jeffrey Lee Pierce, tema que já mereceu um soberba versão de Mark Lanegan, outro intérprete do lado obscuro da América. Para a despedida, estava guardado um "boa noite" com pronúncia de fazer inveja a José António Camacho.
Talvez porque o bilhete não fizesse qualquer menção ao facto, não sabia que o espectáculo exigisse indumentária adequada. Envergando uma t-shirt amarela, não pude evitar alguns olhares de soslaio...
Sensivelmente à mesma hora que Will Oldham destilava magia, consta que, nos subúrbios de Lisboa, um cidadão do país da folha de acer escrevia uma parte da História dos concertos em Portugal. É nestas alturas que gostava de ter o dom da ubiquidade...
2 comentários:
A mim também me surpreendeu.
Tenho que confessar que estava à espera de um concerto bem mais calmo e sombrio. Aliás, acho que esperava que fosse mais próximo da fórmula um homem e uma guitarra...
Foi surpreendente, e bom.
Até me deu para me mover em jeito de quem quer dançar e não tem espaço...
Não fosse a indisposição e tinha ficado na primeira fila até ao fim.
:-(
*teria, em vez de tinha
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