Desde praticamente o momento em que a conhecemos que sabemos que Frankie Rose é uma pára-pouco indomável. Basta lembrar que, num ápice, foi integrante fundadora de bandas como Vivian Girls, Crystal Stilts e Dum Dum Girls, em qualquer dos casos com curta permanência. Igualmente breve foi a vida do quarteto por si encabeçado - Frankie Rose and The Outs. Em qualquer dos casos, o que a movia eram as reminiscências da C86 britânica, bem como da imediata descendência norte-americana liderada pelos simbólicos Black Tambourine. O mesmo já não sucedia em Interstellar (2012), o primeiro álbum lançado em nome próprio que enveredava por um dream-pop luxuriosa, com texturas vaporosas que reconhecemos de determinada fase dos eighties de bandas como The Cure.
Se naquele disco já se sentia algum apelo pela dança, o novo Herein Wild vem esclarecer que no espaço de um ano da vida de Frankie Rose as mudanças não se restringem à coloração capilar. Este impulso dançante, que ganha terreno à tendência atmosférica do antecessor, assoma a cada esquina, materializado em batidas penetrantes e teclados borbulhantes, embora as guitarras ainda sejam responsáveis pelo gizar de melodias assumidamente pop. Tímidas, as seis cordas estão em sintonia com muita da chamada bedroom-pop com que temos sido bombardeados no último par de anos, enquanto as características dançantes se aproximam perigosamente das futilidades que têm feito as delícias das pistas ditas "sofisticadas". No entanto, o respeito pela norma da canção pop ainda retém Frankie como uma das nossas. Nas extremidades do disco - "You For Me" a abrir, "Requiem" a fechar - apontam-se diferentes caminhos, primeiro um retorno à pop granulosa de outrora, depois a tentação por algo de idílico. No global, talvez Herein Wild seja o trabalho menos conseguido a que Frankie Rosa tenha estado associada, mas, pelas características atrás referidas, também o mais capaz de fazer dela uma pequena estrela. Algo que, desconfiamos, ela persegue desde que não se conformou com a figura de segundo plano das bandas por onde passou.
[Fat Possum, 2013]
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