"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O homem é uma ilha

















Nem sequer temos certezas de que Dean Blunt seja o seu nome verdadeiro, porque ele é dado ao mistério, mas sabemos que é um dos músicos mais desafiantes e isolados dos nossos tempos. Gosta pouco de perder tempo com os media, aproveitando esse mesmo tempo para produzir música em quantidade e qualidade, com a particularidade de nos surpreender amiúde com as mudanças de identidade, normalmente coincidentes com o ziguezaguear estético. Primeiro, e em parceria com Inga Copeland, gravou como Hype Williams, designação que a dupla abandonou talvez por questões legais, assumindo os nomes próprios nos lançamentos seguintes. Ao mesmo tempo, Dean Blunt iniciou uma série de obras em nome pessoal, nos quais a velha companheira tem sido uma das muitas presenças femininas.

O músico dos trabalhos "a solo" está já muito distante daquele que se revelou como um dos recuperadores da minimal wave, roçada ao de leve porque Dean Blunt não é daqueles que se limitam a fazer uso do papel de carbono. Já no decorrer deste ano deixou meio mundo boquiaberto com The Redeemer, um disco apaixonante daquilo a que se podem chamar canções, com uma voz quente, quase soul. Este álbum é o segundo passo - o da redenção, como o título indica - de um percurso iniciado em The Narcissist II, um EP com uma única faixa dividida em trechos de diálogos algo violentos de um casal em notória crise. Entretanto, coberto de algum secretismo, já chegou o novo fascículo desta novela da intimidade. Chama-se Stone Island (ou Каменный остров, se preferirem) e foi concebido e registado numa única noite num quarto de hotel em Moscovo. Tecnicamente, tanto poderá ser um álbum (10 faixas) como um EP (23 minutos de duração), mas sobretudo é um complemento a The Redeemer, sem o mesmo rigor técnico, mas com significativas afinidades sonoras. Fazendo uso de samples facilmente reconhecíveis, mas trabalhados em temas perfeitamente pessoais, Dean Blunt conta-nos os novos desenvolvimentos da referida novela da vida privada, agora numa fase de altos e baixos. Resumindo, Stone Island não traz propriamente novidades de monta mas é mais um trabalho essencial deste músico de excepção, sobretudo para completistas, e um bom ponto de partida para curiosos. Até porque tem a particularidade de ser de distribuição gratuita: aqui

"Three" [edição de autor, 2013]

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