Foto: Steven Pan
Em parte por culpa nossa, sempre ávidos de novidades, mas sobretudo por culpa dos próprios intervenientes, dificilmente uma banda do presente nos consegue satisfazer ao segundo disco da forma que nos entusiasmou na estreia. Há excepções, claro, e uma das primeiras que me ocorrem são os nova- iorquinos Crystal Stilts, autores do debutante Alight Of Night (2008), que filtrava o sentir urbano de uns Velvet Underground pelas referências a muitos dos descendentes indie de oitentas. Três anos mais tarde aprimoravam a fórmula no fulgurante In Love With Oblivion, e reincidiam com o EP Radiant Door, exemplo de extremo bom-gosto na escolha de versões. Em qualquer destes trabalhos, não obstante o denso negrume que os cobria, a banda teve a destreza de não cair no embaraçoso tique "gótico". A cada novo registo, a pergunta era sempre a mesma: conseguirão os Crystal Stilts manter o nível qualitativo elevado?
Escutado com alguma insistência o novíssimo Nature Noir, a resposta à pergunta acima é "sim". E ainda com a vantagem de, sem subverter uma identidade, os Crystal Stilts esquivam-se subtilmente à repetição da fórmula ganhadora. Não é que tenham enveredado por uma sonoridade mais sofisticada, como sugeria a novidade da secção de cordas no avanço mais abaixo; bem pelo contrário, a maioria dos temas surge agora reduzida a formas esqueléticas por via do afrouxamento da reveberação que era usada e abusada no passado. Há nesta nova dezena de temas ainda a mesma tensão urbana, a mesma sugestão de cenários nocturnos, e a sombra dos Velvets ainda indica o norte, embora desta feita de uma fase mais avançada, aquela já libertos das garras de Andy Warhol. Um dos mais fieis discípulo daqueles - Dean Wareham - é muitas vezes lembrado pelo timbre de Brad Hargett, que na maior parte do tempo faz questão de reduzir a gravidade do seu barítono.
"Star Crawl" [Sacred Bones, 2013]
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