"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 1 de maio de 2012

A saga Twilight: um novo amanhecer


















Lembro-me que ainda este blogue gatinhava quando o (então) jovem escriba que teima em mantê-lo foi atingido, como que por um raio, pelo impacto da música dos escoceses The Twilight Sad. Naquele primeiro disco vinham impressas algumas das marcas genéticas da música produzida naquelas paragens abençoadas: a guitarra como arma, rebentações frequentes em crescendos de proporções épicas, e uma boa dose de melancolia outonal bastante próxima do miserabilismo. Dois anos volvidos os ânimos refreavam com Forget The Night Ahead (2009), em todo o caso um bom disco mas que se limitava a reproduzir os tiques do antecessor. Portanto, tinha contra si a falta daquele efeito novidade que tantas vezes determina a força do impacto que um disco pode ter nós.

Ao que parece, as novidades estavam guardadas para o terceiro registo de longa-duração, o recente No One Can Ever Now, um disco do qual adiei a audição com as reservas motivadas pelo antecessor. Neste, as guitarras são ainda omnipresentes e ditam algumas das regras, embora não da forma ostensiva de outrora. Na disputa pelo protagonismo, e no adensar as atmosferas já de si suficientemente carregadas, os teclados têm uma palavra a dizer. É óbvio que esta operação estética implica as inevitável alienação de alguns seguidores de ideias mais conservadoras e comparações a projectos post-punk algo dados a uma certa forma épica de encarar a canção pop. Pela parte que me toca, como acérrimo defensor das possibilidades das seis cordas combinadas com os pedais de efeitos, saúdo a divisão de papéis, até porque esta em nada belisca a identidade da banda. Antes pelo contrário, é uma pedrada no charco que ameaçavam tornar-se os The Twilight Sad. Para que tal suceda convém dar o devido crédito ao timbre vocal de James Graham, inalterado na sua cerrada "pronúncia escocesa" de quem carrega uma tristeza nostálgica maior que a vida.


"Dead City" [Fat Cat, 2012]

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