"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ao vivo #83

















Spain @ Hard Club, 19/05/2012

Não obstante a sua passagem pela capital na véspera, nomeadamente pelo malfadado Lux, a visita dos regressados Spain é motivo bastante para rumar a norte sob o pretexto da confraternização com as excelsas gentes da Invicta. É também ensejo para aferir das capacidades do renascido e mui imponente Hard Club, instalado no velhinho mercado Ferreira Borges. Neste particular, e restringindo-me ao concerto do passado sábado, não hesito em afirmar que a sala não passou no teste. Desde logo pela extensão concedida aos lugares sentados, criando uma grande barreira entre o (escasso) público de pé e o palco. Por outro lado, também as qualidades técnicas deixaram muito a desejar. Refiro-me a um som baixíssimo ao longo de todo o concerto, com a agravante de, não raras vezes, sair distorcido nas tonalidades mais graves.

Passando à prestação da renovada banda de Josh Haden propriamente dita, poderemos resumir a coisa dizendo que não defraudou expectativas nem gerou ovações desmesuradas. Ou seja, cumpriu e correspondeu basicamente ao que dela se esperava. Numa primeira parte, exclusivamente dedicada ao debutante The Blue Moods Of Spain (1995) na íntegra, tiveram lugar manifestações soturnas sob a forma de canções da mais melancólica dor-de-corno. O tom dominante é de gravidade, algo que a ausência de quaisquer palavras dirigidas ao público só realça. Tratando-se do disco predilecto na obra "hispânica" da maioria do público presente, não surpreendem algumas declarações de afecto por parte dos mais devotos, algo que se sente no aplauso mais ruidoso com que são recebidos temas como "Untitled #1" ou "Spiritual".

Havendo novo álbum em carteira, não deixa de surpreender a opção pelo destaque à obra de estreia. Contudo, a nova criação dos Spain haveria de ser contemplada na segunda parte do concerto, logo a seguir a um dispensável intervalo longo de quase 15 minutos e à mistura com temas do par de registos restante. Não tão marcada pelos problemas técnicos, entretanto ligeiramente debelados, esta parte é também mais solta e ligeira, algo inerente à natureza da canções apresentadas. É aqui que se apresentam alguns temas tingidos de country que deixam penetrar uma ténue luminosidade e até alguns arrufos rock. Pela parte que me toca, e não querendo ofender a devoção de ninguém, diria que a noite foi ganha por esta parte final, quase fazendo esquecer algum desconforto sentido na forma deficiente, e até impessoal, com foram apresentados os temas de The Blue Moods. O próprio Josh Haden parece concordar comigo, pois logo ao segundo tema perdeu a "compostura" e desatou a falar para o público entre as canções. Um simpático que perdeu a timidez, o moço...

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