"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 15 de maio de 2012

Discos pe(r)didos #63









GRANT LEE BUFFALO
Mighty Joe Moon
[Slash, 1994]




Algo negligenciados durante a sua existência, talvez porque abafados por guitarras mais ruidosas, Grant Lee Phillips e a banda a que deu nome são hoje acarinhados com saudade por uma imensa minoria que tomou contacto com a sua música em meados de noventas. Tal como os contemporâneos e também californianos Mazzy Star, os Grant Lee Buffalo chegaram demasiado tarde para apanhar a vaga Paisley Underground mas, à semelhança dos seus percursores, também mergulhavam profundamente nas sonoridades de sessentas, desde a country "cósmica" aos Velvet Underground com o devido condimento de psicadelismo. A particularidade de todos era filtrarem essas influências ancestrais pelas lentes de alguém que viveu o reboliço punk nos melhores anos da vida.

Com Fuzzy (1993), e em particular com tema-título, os GLB não conquistaram o mundo mas arrebataram um horda de apaixonados e curiosos por uma América de uma verve romântico-desencantada que, ao longo dos oitentas, lhes foi vedada pelas mil e uma derivações do post-punk britânico. Com Mighty Joe Moon, editado apenas com ano e meio de distância, ameaçaram ser alternativa aos ditames da MTV pós-grunge e - mais importante - remediaram as pontas soltas da estreia, definindo uma sonoridade que haveria de marcar o gosto do povo mélomano até aos dias de hoje,

Se o debute liberta o pó da estrada que atravessa a aridez desértica, o segundo disco é a incursão pela ruralidade profunda, uma viagem poética que percorre a decadência da América real. Daí resultam temas dolentes de uma melancolia maior que a própria vida com um fantasma de morte a pairar ("Mockinbirds", "Lady Godiva And Me", o irónico "Happiness"), pirotecnia apontada a um céu com milhões de estrelas do mais intenso reluzir ("Lone Star Song", "Side By Side"), curtas trechos de recuo a um tempo ancestral ("Last Days Of Tecumseh"), ou baladas semi-acústicas que denunciam muitas agruras afogadas em orgias etílicas ("Honey Don't Think", "Rock Of Ages"). Em qualquer dos temas enunciados, e em praticamente todos os gravados pelos GLB, a performance vocal de Pillips, a meio caminho entre o límpido e arenoso, e capaz de ir do murmúrio terno ao mais lancinante desespero de uma sílaba para a seguinte, faz-nos questionar o porquê de só a espaços lhe ser concedido o microfone nos antecessores Shiva Burlesque, banda que também integrou o baixista e produtor Paul Kimble.


"Lone Star Song"


"Mockinbirds"


"Honey Don't Think"

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