"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Ecos do passado

















Foto: Alison Wonderland

É com alguma injustiça que os Primitives são hoje, essencialmente, lembrados pelo hit "Crash". Se aprofundarmos a sua obra ficamos a saber que, antes desse caso de sucesso isolado, já a banda de Coventry tinha urdido uma boa mão cheia de canções dignas de figurar entre a melhor jangle-pop despoletada pela compilação C86. Todos eles saíram com selo da Lazy Records, editora fundada pela própria banda que deu ao mundo alguns dos primeiros registos dos My Bloody Valentine. Por outro lado, também me causa uma certa revolta que, derivado do visual da frontwoman Tracy Tracy, os Primitives sejam muitas vezes apontados como descendentes dos Blondie, quando na realidade é bem evidente que as bases da sua música sempre estiveram na pop da época áurea da primeira metade dos sixties.

Regressados ao activo no ano passado, depois de quase de vinte anos de paragem, deram à estampa um EP que, em primeiro lugar, serviu para demarcar a sua influência junto de bandas actuais como Dum Dum Girls, Best Coast, ou Vivian Girls. Tomaram-lhe o gosto, e agora acabam de editar o excelente álbum Echoes And Rhymes, carregadinho de versões de temas yé-yé de algumas girl bands das décadas de 1960 (essencialmente) e de 1970, que não se restringem ao eixo anglo-saxónico e repescam também uma série de curiosidades com origem em França, na Alemanha ou na Holanda. Da audição sobressai a qualidade da gravação, pejada de orquestrações à la Joe Meek em colisão com a guitarra fuzzy de PJ Court, e com um travo clássico que nos remete para as épocas revisitadas. Outra das particularidades é que, na escolha do alinhamento, a banda não se deixa cair na tentação do óbvio e opta por um conjunto de temas que, não obstante terem sido sucessos relativos, são hoje pouco mais que obscuridades. Entre os contemplados, os nomes de Nico (com um tema anterior à sua ligação aos Velvet Underground) ou os holandeses Shocking Blue serão, eventualmente, os mais "sonantes". Verdadeiros tesouros perdidos são os temas originais de gente como Laura Ulmer (merecedor de um francês quase perfeito por parte de Tracy), Sandy Posey, Jackie De Shannon, The She Trinity, ou Sue Lyon. É pertença desta última, estrela do filme Lolita de Stanley Kubrick, o original da amostra que se apresenta:

 
"Turn Off The Moon" [Elefant, 2012]

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