"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O vermelho e o negro














Há pouco mais de um ano, chegaram sem pré-aviso e irromperam ruidosamente, firmando-se desde logo como uma das propostas mais interessantes no quadrante de bandas actuais que fazem do shoegaze matéria de estudo. Na bagagem traziam Sports, um disco denso e de um negrume opressivo que disfarçava alguma tendência para a "baixa-fidelidade" com a clareza de intenções. Falamos, obviamente, dos Weekend, um trio de São Francisco que gerou devoção imediata neste pasquim virtual.

Dado o impacto que aquele disco teve neste que vos escreve, não posso deixar de me penitenciar por apenas agora, com quase meio ano de atraso, saber da existência de Red, um EP de cinco temas preparatório de um segundo álbum que se perfila no horizonte. A impressão que fica de audições repetidas é a de que, sem descaracterizar a personalidade da estreia, os Weekend vão desenvolvendo a sua peculiar linguagem musical. Isto quer dizer que toda a aura negra ficou intacta, não obstante o véu difuso que cobria os temas ter perdido toda a opacidade e permitir agora vislumbrar canções estruturadas de corpo inteiro. Oiça-se, por exemplo, o inaugural "Sweet Sixteen", que inicia com batida marcial e sons fantasmagóricos, mas evolui para um estado de contemplação próximo de uns Deerhunter, se estes fizessem mais uso abusivo dos pedais de efeitos. Ou então o sublime "Hazel", dream-noise-pop da melhor safra que põe os Weekend em condições de competir com muitos dos shoegazers originais. Para esta evolução muito contribuem as opções de gravação, fazendo com que, na mistura final, a voz de Shaun Durkan se imponha acima da barreira sónica. Só podem, portanto, ser altas as expectativas para o segundo álbum, depois desta meia dezena de temas que já me fizeram esquecer a semi-desilusão recente com os compinchas A Place To Bury Strangers.


"Hazel" [Slumberland, 2011]

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