"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sábado, 8 de outubro de 2011

Singles Bar #68








THE LOFT
Up The Hill And Down The Slope
[Creation, 1985]




Com uma carreira a solo que já vai longa, e hoje mais que nunca mergulhada na obscuridade, Peter Astor tem também integrado bandas em quantidade e qualidade, apesar de, normalmente, desaparecem num ápice. Foi ele o mentor de projectos como The Weather Prophets, Ellis Island Sound e The Wisdom of Harry, qualquer um deles merecedor de pequenos cultos no meio indie. Antes de todos, lançou-se nas lides musicais como líder de The Loft, banda que nunca chegou sequer a gravar um álbum mas que, graças à amizade com Alan McGee, faria parte da primeira leva de bandas da Creation Records. Eram os tempos que McGee e os seus acólitos viviam obcecados com a época áurea da pop de sessentas, e da sub-cultura mod em particular, como facilmente se afere da obra do próprio à frente dos Biff Bang Pow!.

Para a posteridade, os The Loft deixaram simplesmente dois singles, o último dos quais, Up The Hill And Down The Slop, é um autêntico marco na estética jangle-pop e, quiçá, na florescente cena indie de meados de oitentas. No tema-título são por demais evidentes as heranças dos Velvet Underground, bem sublinhadas no tropel de guitarras de gumes afiados. A letra, pura subtileza sobre o acto sexual, denota a mesma secura e o mesmo pendor literário que encontramos nos seminais Television, outra das bandas mais queridas dos indie-poppers de então. Neste último ponto, os The Loft estabelecem afinidades com os contemporâneos Felt, banda com a qual, segundo costa, mantinham um relacionamento de respeito mútuo. Na comparação entre ambas, o grande trunfo dos The Loft, arrisco a dizer sob pena de excomunhão, era a voz de Astor, substancialmente mais dotada que a de Lawrence. Para o lado B fica guardada uma faceta menos exuberante. Tema mais contido na energia, "Lonely Street" segue num ritmo lento de quase valsa, a fazer lembrar a ironia retorcida de uns Go-Betweens nos temas compostos e interpretados por Robert Forster.

Com uma obra escassa em demasia para a promessa que constituíam, os The Loft viram reconhecida a sua importância no seio da Creation por David Cavanagh, o jornalista musical responsável pela escrita da história "oficial" da editora. Esse volume, de leitura obrigatória para qualquer adepto indie, leva título sacado à letra da sua canção mais proeminente, precisamente My Magpie Eyes Are Hungry For The Prize.

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