"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

P**a de vida
















Quando emergiu do isolamento do quarto, há coisa de dois anos, Nathan Williams trazia consigo um conjunto de temas que, apesar das precárias condições de gravação, eram autênticas vinhetas do mais puro ennui juvenil. Generoso em ruído e distorção, Wavvves era veículo escapista para um puto aborrecido com o mundo dos crescidos e indiferente à ortodoxia pop, um pouco à semelhança do Kurt Cobain pré-fama. A exposição, ainda que limitada ao reduto underground, causou mossa, e Nathan deu alguns sinais de perturbação em ocasiões por demais documentadas. Não obstante o caos que ainda caracteriza cada actuação, o equilíbrio parece ter sido reposto com a chegada da antiga secção rítmica do finado Jay Reatard, momento que coincidiu com à elevação dos Wavves a banda propriamente dita. A acalmia dos ímpetos emocionais teve reflexo no último King Of The Beach, passo evolutivo com concessões ao formato canónico de canção pop, mas igualmente injectado de uma energia inesgotável.

Para aqueles que não ficaram totalmente satisfeitos com a operação de cosmética levada a cabo no trabalho do ano passado, que, sem desprimor para a qualidade das canções, desvirtuou o conceito que primeiramente nos atraiu no jovem músico, a compensação já anda aí. Chama-se Life Sux, consiste num EP composto por cinco petardos punk-pop imparáveis e impregnados de coros irresistíveis que, sem assumir em absoluto o regresso à pureza lo-fi de antigamente, funciona como um meio-termo entre as duas facetas. Mesmo com uma audição desatenta, Life Sux permite desde logo discernir ecos da alvorada de noventas que remetem  para bandas como os Dinosaur Jr. ou os próprios Nirvana. Interessa referir que a namoradinha Bethany Cosentino (Best Coast) é a responsável pelos coros na lascívia juvenil de "Nodding Off", enquanto Pink Eyes (dos Fucked Up) fornece a berraria no devastador "Destroy". Porém, o destaque do conjunto vai inteirinho para a amostra infra, ironia certeira com referência ao omnipresente proclamado Mr. Cool e recado/ameaça ao detractores. Mesmo com as incorrecções gramaticais, aquele "You're still never gonna stop me" é para ser levado a sério.


"I Wanna Meet Dave Grohl" [Ghost Ramp, 2011]

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