"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 9 de outubro de 2007

EM ESCUTA #19

JESU
Conqueror (Hydra Head, 2007)

Apesar de ainda não ter chegado aos quarenta, Justin Broadrick leva já mais de vinte anos como músico de referência nas sonoridades mais extremas. De entre os inúmeros projectos que abraçou, é obrigatória a referência aos Napalm Death e aos Godflesh.
Para quem não está familiarizado com a dissidência de Justin em relação às normas, Conqueror, o segundo álbum dos JESU, poderá ser uma suspresa na forma como incorpora reminiscências shoegaze, naquilo que constitui um passo natural após Silver, o excelente EP do ano transacto. Não sendo feito inédito em territórios do chamado post-metal (cf. At The Soundless Dawn dos Red Sparowes), Conqueror exibe essas influências de forma mais vincada do que qualquer outro disco do género até à data.
Partindo de uma engenhosa combinação de elementos antagónicos (riffs poderosos e arrastados vs. vozes sumidas; bateria forte e minimalista vs. sintetizadores luxuriantes), estes oito longos temas poderão soar algo indistintos às primeiras audições. Porém, após alguma insistência e predisposição, Conqueror poderá levar o ouvinte a um verdadeiro estado de transe benigno. Tome-se como exemplo "Weightless & Horizontal", o tema de dez minutos que constitui a peça central deste disco: os sintetizadores servem de tapete aos momentos de tensão criados pela força das guitarras, enquanto uma voz de desencanto repete continuamente "try not to lose yourself". Facto a que o actual estado de coisas não será alheio, é o "exílio" numa pequena cidade do País de Gales em que Justin Broadrick vive após a depressão com que se debateu e que ditou o fim dos Godflesh.
E como as palavras raramente conseguem transmitir emoções com a mesma força das imagens, diria que a dicotomia de contrastes que Conqueror constitui está perfeitamente representada na imagem pós-industrial que lhe serve de capa: épico e frágil, perturbante e belo.

1 comentário:

Shumway disse...

Já consegui ouvir.
Atmosférico. Guitarras-MBV.