"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 23 de outubro de 2007

EM ESCUTA #20

THE FIERY FURNACES
Widow City (Thrill Jockey, 2007)

Nos seus dois primeiros (e promissores) registos dava já para perceber que os FIERY FURNACES não eram uma banda convencional, muito menos para os cânones do novo rock que então vigorava. Pop na essência, a música dos manos Friedberger tinha o kraut a correr nas veias, o que proporcionava alguma estranheza aos ouvidos mais conservadores.
No entanto, quando se esperava a confirmação das promessas, os dois passos seguintes foram autênticos tiros ao lado e fizeram com que os mais crentes deixassem de acreditar que dali ainda pudesse surgir a obra definitiva. É notória nesta fase a incapacidade da banda em extrair alguma coerência da salganhada de estilos que povoam as suas canções.
É pois com alguma surpresa que recebemos Widow City, primeiro registo na Thrill Jockey após o desquite com a Rough Trade que, ao que parece, perdeu a paciência para as bizzarias destes dois.
Apesar de cada um destes dezasseis temas conter novamente as arritmias típicas do som Furnaces, o duo de irmãos surge agora mais focalizado nos seus intentos, conseguindo conjugar harmoniosamente sons provenientes das mais diversas latitudes pop. Não obstante o equilíbrio que percorre todo o disco, nesta hora de música encontramos ainda alguns momentos de alguma dispersão, nomedamente os temas de abertura e de encerramento. Nota-se também uma maior aproximação aos terrenos do rock, muito por força das doses generosas de guitarras setentistas que adornam a maior parte dos temas.
Caso dúvidas houvesse, Widow City reforça uma ideia que já vinha dos primórdios dos Fiery Furnaces: Eleanor é uma cantora de excepção.
Numa altura em que os Stereolab denotam já sinais de alguma perda de fulgor, parece pois que em breve o ceptro da vanguarda pop mudará de mãos.

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