"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 25 de julho de 2007

DISCOS PE(R)DIDOS #13

SUGAR
Copper Blue
(Creation, 1992)


Não deixa de ter uma certa carga de ironia que, apenas após a consagração dos Pixies e dos Nirvana, bandas que nunca esconderam a sua devoção aos Hüsker Dü, Bob Mould tenha colhido algum reconhecimento público. Com a experiência acumulada nos anos de carreira dos huskers e em dois álbuns a solo que ninguém ouviu, regressou em grande no ano da graça de 1992 integrado em mais um power trio. Quem estava consciente do papel fundador de Mould em muita da música que se produzia por esses dias era Alan McGee, que tornaria os Sugar um dos poucos projectos ianques a editar música com o selo da Creation Records.
Produzido por Lou Giordano, nome ligado aos míticos estúdios Fort Apache de Boston, que imprimiu ao disco um som pungente resistitente à voragem do tempo, Copper Blue acaba por fechar um ciclo na história da música popular norte-americana, com o mestre, de forma humilde, a colher ensinamentos dos seus seguidores. Facto este, logo constatado em "The Act We Act", a faixa que abre o disco, marcada pela guitarra poderosa e pelas alternâncias entre momentos mais calmos e momentos mais enérgicos. Segue-se-lhe "A Good Idea", que caberia facilmente em Trompe Le Monde, obra terminal dos Pixies.
A voz nasalada de Mould, continuando a entoar osc ostumeiros matters of the heart, parece agora exibir uma raiva mais contida, tornando as letras (como sempre) em forma de pequenos contos mais perceptíveis.
A receptividade a Copper Blue foi tal que, o (então) influente New Musical Express o elegeu disco do ano, ao mesmo tempo que os singles "Changes" e "If I Can't Change Your Mind" (a brilhante canção pop que todos deveriam conhecer e saber de cor) eram brindados com um airplay radiofónico significativo (Portugal incluído, eu lembro-me).
Ainda hoje impressionante tanto pela coesão sonora como pela beleza da lírica de Bob Mould, não passa um mês sem que Copper Blue seja revisitado no meu éstereo. Se estiveram para aí virados, façam como eu e transformem este disco em algo mais do que um clássico perdido dos nineties.
Vídeo de "If I Can't Change Your Mind"
Vídeo de "Helpless"
Vídeo de "Changes"

5 comentários:

Shumway disse...

Classico incontornável do rock.
Como o EP "Beaster".
Não passa um vez por mês, mas tem de passar um mês ao ano. :)
Uma fase altamente criativa de Mould.
Eu ouvi (e bem) esses albuns a solo que referres. E até houve alturas em que preferi o "Black Sheets..." ao "Workbook".
A ultima coisa que ouvi dele ("The Last Dog..." qualquer coisa) não me convenceu.
Abraço

O Puto disse...

Ena, que bem lembrado! Nunca me esqueci deste disco, anda sempre na malinha dos CD's, e de vez em quando salta cá para fora. É um excelente disco, e lembro-me perfeitamente do "If I Can't Change Your Mind" a passar nas rádios. Ainda adquiri o "Beaster" (as faixas mais densas que ficaram de fora) e o seguinte, mas este último não me pareceu tão bom. Comprei o 1º álbum a solo pós-Sugar, mas não me convenceu. Fica o "Copper Blue" para a posteridade.
Abraço!

M.A. disse...

Apesar de este ser claramente o ponto alto, considero a (curta) carreira dos Sugar imaculada (restringido-me apenas aos 2 discos de originais e ao EP/mini-álbum "Beaster")
Quanto aos discos a solo, do que conheço, também não tenho boa impressão. Mas, mesmo que não faça mais nada, Bob Mould é daqueles que já podem morrer (daqui a muitos anos, espero) com a sensação de dever cumprido.

Abraço

eduardo disse...

o meu preferido é o "Beaster" mas este também é bom. Possuo uma edição especial do "F.U.E.L" a imitar um catálogo. A solo nunca me convenceu.

os400golpes disse...

saltei tanto tanto ao som deste disco, fixe fixe