SHELLAC
Excellent Italian Greyhound (Touch and Go, 2007)
Não se pode dizer, nem mesmo para os conhecedores de longa data do trabalho dos Shellac, que Excellent Italian Greyhound seja um disco de fácil assimilação. A estranheza do título (dedicado ao cão do baterista Todd Trainer), e o invulgar trabalho gráfico da embalagem (absurdo e brilhante em partes iguais), encontram paralelo na música contida na rodela.
Após uma primeira audição, dois dos nove temas de ...Greyhound, longos e quase em regime spoken word, soam completamente atípicos no universo Shellac, onde os temas rápidos e secos são a norma. São esses temas, o inaugural "The End Of Radio" e "Genuine Lulabelle".
O primeiro, após algumas audições aturadas, acaba até por se revelar um dos melhores momentos deste disco. Nele, Steve Albini, na pele de um locutor de rádio emitindo para um planeta deserto, vai berrando "can you hear me now?". Uma excelente metáfora à baixa qualidade das rádios que já ninguém ouve, pontuada pela guitarra cortante e a bateria quase jazzística.
Quanto a "Genuine Lulabelle", trata-se de um desabafo de dedo médio em riste sobre alguém que se presume ser uma ex-namorada italiana. As letras são capazes de fazer corar os Enapá 2000 e o suporte instrumental está muitas vezes ausente. Confesso que não entendi a intenção e acho o tema dispensável.
Não obstante um maior depuramento que torna o som mais esquelético, faixas como "Steady As She Goes", "Be Prepared", "Elephant", ou o derradeiro "Spoke", são facilmente categorizáveis como Shellac vintage.
Não atingido desta feita a excelência de At Action Park e 1000 Hurts, e apesar do intragável "...Lulabelle", um regresso dos Shellac após sete longos anos de silêncio é sempre de saudar, ainda para mais com um disco que só precisa de alguma insistência (e predisposição) para se ir revelando.
Quanto às qualidades de Steve Albini enquanto "registador de sons", essas permanecem inabaláveis. Para o confirmar basta escutar a pureza sonora de ...Greyhound de headphones e comparar com o som artificial das dezenas de discos que todos os meses nos chegam aos ouvidos.
Excellent Italian Greyhound (Touch and Go, 2007)
Não se pode dizer, nem mesmo para os conhecedores de longa data do trabalho dos Shellac, que Excellent Italian Greyhound seja um disco de fácil assimilação. A estranheza do título (dedicado ao cão do baterista Todd Trainer), e o invulgar trabalho gráfico da embalagem (absurdo e brilhante em partes iguais), encontram paralelo na música contida na rodela.
Após uma primeira audição, dois dos nove temas de ...Greyhound, longos e quase em regime spoken word, soam completamente atípicos no universo Shellac, onde os temas rápidos e secos são a norma. São esses temas, o inaugural "The End Of Radio" e "Genuine Lulabelle".
O primeiro, após algumas audições aturadas, acaba até por se revelar um dos melhores momentos deste disco. Nele, Steve Albini, na pele de um locutor de rádio emitindo para um planeta deserto, vai berrando "can you hear me now?". Uma excelente metáfora à baixa qualidade das rádios que já ninguém ouve, pontuada pela guitarra cortante e a bateria quase jazzística.
Quanto a "Genuine Lulabelle", trata-se de um desabafo de dedo médio em riste sobre alguém que se presume ser uma ex-namorada italiana. As letras são capazes de fazer corar os Enapá 2000 e o suporte instrumental está muitas vezes ausente. Confesso que não entendi a intenção e acho o tema dispensável.
Não obstante um maior depuramento que torna o som mais esquelético, faixas como "Steady As She Goes", "Be Prepared", "Elephant", ou o derradeiro "Spoke", são facilmente categorizáveis como Shellac vintage.
Não atingido desta feita a excelência de At Action Park e 1000 Hurts, e apesar do intragável "...Lulabelle", um regresso dos Shellac após sete longos anos de silêncio é sempre de saudar, ainda para mais com um disco que só precisa de alguma insistência (e predisposição) para se ir revelando.
Quanto às qualidades de Steve Albini enquanto "registador de sons", essas permanecem inabaláveis. Para o confirmar basta escutar a pureza sonora de ...Greyhound de headphones e comparar com o som artificial das dezenas de discos que todos os meses nos chegam aos ouvidos.
1 comentário:
Como dizes, não atingiu a excelência de trabalhos anteriores, mas quem sabe, nunca esquece.
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