"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sexta-feira, 20 de julho de 2007

AO VIVO # 3

ARCTIC MONKEYS + X-WIFE
Coliseu dos Recreios, 18/07/2007


Há no que resta da imprensa musical portuguesa um certo alheamento em relação ao momento presente. Há muito desinteressados da pop e do rock (se é que alguma estiveram interessados), fenómenos como o dos Arctic Monkeys são o favourite worst nightmare dos nossos escribas. Uns há que concebem o universo como o raio de acção de uma certa casa nocturna para os lados de Santa Apolónia, enquanto outros vão dançando electropop como robôs de 1984. A carneirada, como não é parva, vai-se tresmalhando, os suplementos musicais vão desaparecendo, perdem-se empregos e, pior do que isso, lá se vai o bilhete de avião para Nova Iorque e as férias em Ibiza, que já não editora que pague. Entretanto, uma imensa minoria tresmalhada assiste a concertos históricos, como o de anteontem no Coliseu.

É legitímo que aqueles que, como eu, assistiram à espantosa prestação dos Monkeys em Maio do ano passado no Paradise Garage entrem no Coliseu com algum receio de que um segundo concerto menos conseguido possa manchar memórias tão gratas. Puro engano. Agora já com dois excelentes discos em carteira, os quatro de Sheffield têm ainda mais motivos (leia-se canções) para agradar ao público (e que público!) que esgota a sala.
Em perfeita sintonia com esse mesmo público, a banda instala uma autêntica celebração rock'n'roll de pouco mais de uma hora em que todos comungam, entre os primeiros acordes de "The View From The Afternoon" e os últimos de "A Certain Romance".
Pelo meio, há mesmo momentos em que se crê que o tecto vai desabar, perante tamanho frenesim: "Brianstorm", "Fake Tales Of San Francisco", "I Bet You Look Good On The Dancefloor", "Dancing Shoes", "When The Sun Goes Down"...
Avessos ao vedetismos e sem qualquer ponta de arrogância, a banda vai desfilando as canções quase em regime non stop, sem dar tempo aos merecidos aplausos. E se a perfeição é muitas vezes rondada, acaba mesmo por ser atingida nessa sublime canção de dor-de-corno movida a guitarra zombie que é "Do Me A Favour".
No final (sem encore, como mandam as regras), os milhares de seres suados e de rostos sorridentes abandonam a sala já a sonhar com a próxima vinda dos Arctic Monkeys a Portugal. É que não há (mesmo) festa como esta!
Na primeira parte, estiveram os nossos X-Wife que, como já é seu apanágio, cumpriram muito mais do que função de aquecer a sala. Com um alinhamento em tudo idêntico ao apresentado dias antes no SBSR, as canções ganham neste cenário um pendor mais rockeiro e mais negro, num claro sinal de versatilidade. Digo-lhes que poucas vezes vi uma primeira parte gerar tanto entusiasmo na plateia, como as manifestações do forte contigente portuense (olé!) fizeram questão de sublinhar.
Bem hajam os Monkeys, bem hajam os X-Wife, abençoado este público magnífico!

6 comentários:

Anónimo disse...

Por curiosidade, que idade tens?
Zé Manel

Anónimo disse...

Snif, perdi este...
A vida é dura para os nortenhos, porra!

M.A. disse...

Alguns anos mais que os membros dos Arctic Monkeys e que a maioria do público de quarta-feira. Mas ainda sei apreciar um bom concerto rock, daqueles que cada vez há menos.

O Puto disse...

Bem, em breve estarei um pouco mais próximo de Lisboa. Espero poder assistir a mais concertos.

M.A. disse...

Visto desse ponto de vista, isso são óptimas notícias.

Abraço

Unknown disse...

Tive muita pena em perder este concerto. Contava ve-los quando estive fora e quando regressei já seria impossível conseguir bilhetes. Deve ter sido mesmo fixe, pelo que descreveste.

Um recado para o Anónimo aka Zé Manel: eu tenho 42 anos e gosto muito dos Arctic Monkeys e subscrevo o que foi escrito neste post pelo M.A. Desde quando a idade é condição fundamental para se gostar e apreciar um bom concerto de uma banda?

Hugzz!