Hex (Circa, 1994)
Desde a sua formação na segunda metade da década de 1980, ainda adolescentes e como mera banda de covers dos Napalm Death (!), até este marcante álbum de estreia alguns anos mais tarde, os Bark Psychosis operaram uma verdadeira revolução na sua música. Este work in progress ficou devidamente documentado nos diversos singles editados pelo caminho.
Definir Hex por palavras não é tarefa fácil, pelo que arriscaria dizer que a melhor definição deste disco estará mesmo na belíssima fotografia que ilustra a capa. Exibindo uma unidade inigualável entre os sete temas que o compõem, Hex poderá ainda assim definir-se, grosso modo, como um disco de ambient ligeiramente devedor de alguns percursores dentro desta área, como Talk Talk ou David Sylvian. Em relação a este segundo as similaridades passam sobretudo pelo registo vocal de Graham Sutton.
No entanto, e ao contrário dos exemplos citados, encontramos em temas como "The Loom" e "A Street Scene" um groove inusitado, muito por força do baixo jazzístico e da percussão de travo afro. Além dos atributos referidos, o maior trunfo de Hex reside na gestão que é feita do silêncio, tornando-o um elemento da própria música, não desbaratando qualquer recurso: cada músico só toca as notas necessárias, a voz só entra quando lhe é pedido.
Apesar de não ser um disco muito frequentemente citado nos dias de hoje, as paisagens atmosféricas de Hex teriam eco alguns anos depois em bandas como os portugueses Hipnótica, ou até na fase mais experimental dos Radiohead. Após a aclamação crítica e o fraco reconhecimento público, os Bark Psychosis remeteram-se a um silêncio de uma década, quebrado apenas pela edição do também recomendável Codename: Dirtsucker.
Como testemunho do carácter pioneiro e da difícil catalogação deste disco, fiquem a saber que é ele que se deve a primeira utlização da expressão post-rock, "criada" por Simon Reynolds na crítica de Hex publicada no extinto Melody Maker. A história que veio a seguir, já todos a conhecem...
3 comentários:
Taslá.....
Um disco de uma beleza sonora única.
Os Bark Psychosis criaram uma das minhas músicas favoritas: "I Know".
E para comprovar como o Sutton era um visionário, é só verificar o seu trabalho como Boymerang. É verdade que é drum'n'bass, mas na altura (1997) em que este já era mainstream, criou um disco totalmente inovador.
Abraço
Curiosamente vi-os ao vivo em 1994, quando estudei durante 3 meses em Coventry. Um bom concerto, num registo misto de ambiental e psicadélico.
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