"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 15 de março de 2007

DISCOS PE(R)DIDOS #5

ELLIOTT SMITH
Either/Or (Kill Rock Stars, 1997; Domino, 1998)

Confesso que apenas muito pouco tempo antes da sua morte é que dei o devido valor ao génio de Elliott Smith. Confesso e penitencio-me por isso.
Já antes tinha ficado impressionado ao ver Elliott Smith completamente desenquadrado na cerimónia dos Óscares de 1998 a interpretar "Miss Misery", canção do filme Good Will Hunting de Gus Van Sant nomeada para a estatueta. Fiquei impressionado mas ainda assim não o suficiente para querer saber mais sobre aquela figura.
Mas, como antes tinha dito, por volta de 2003, apenas uma canção foi suficiente para o inevitável clique: "Speed Trials", faixa de entrada nesta obra sublime. Canção de uma pureza desarmante que me fez comprar Either/Or no dia seguinte à primeira audição.
E depois da audição integral os motivos de satisfação foram mais que muitos: "Ballad Of Big Nothing", "Pictures Of Me", "Rose Parade", "2:45 AM", tudo canções perfeitas que exprimem a mais profunda tristeza. Sim, porque Either/Or é um disco triste. A par de Pink Moon de Nick Drake dos mais tristes que conheço. Não daquela tristeza deprimida e poseur, mas de uma tristeza natural e honesta, cuja audição reconforta em vez de sufocar.
A música que acompanha as palavras de Smith, sem grandes floreados, apresenta-se igualmente no mais puro dos estados: quase só guitarra acústica e uma bateria básica aqui e ali. E é neste ponto que reside mais um dos trunfos de Either/Or: a produção de Tim Rothrock e Rob Schnapf (responsáveis pela descoberta de Beck) resume tudo ao essencial, o que dá a sensação de termos os músicos a tocar para nós na sala lá de casa.
Para os apreciadores de Elliott Smith e viciados em versões, como é o meu caso, fica uma sugestão: façam o favor de ouvir a deliciosa versão de "Ballad Of Big Nothing" que os Thermals fizeram para o tributo To: Elliott, From: Portland. Acho que o Homem também gostaria.

3 comentários:

Shumway disse...

Este disco foi uma primeira etapa para a consagração com "XO", onde a beleza que as canções de "Either/Or" possuiam tornaram-se mais ricas com uma melhor produção, mais tipo Brian Wilson/Beach Boys, com aquelas colagens de voz, orgão, piano, etc.
Mas este "Either/Or" é nitidamente um disco que não deve ser perdido.
Abraço.

M.A. disse...

Apesar de ser um aficionado dos Beatles e dos Beach Boys, e de "XO" ter essas influências bem nítidas, prefiro mesmo este. Mas o "XO" também é um GRANDE disco, obviamente.
Abraço.

O Puto disse...

Definiste o legado do Elliott (curioso o nome próprio com dois "l" e dois "t") Smith quando dizes que a sua música "reconforta em vez de sufocar".