"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 11 de março de 2007

EM ESCUTA #6

ARCADE FIRE
Neon Bible (Merge, 2007)

Cerca de dois anos e meio após da edição do excelente Funeral é já possível afirmar que esse disco não era perfeito, o que não deverá ser visto como redutor, e que os Arcade Fire acabaram por não ser os salvadores da música pop como alguma imprensa estabeleceu. Mas, defeitos menores à parte, é um dos grandes discos da década e deixou mossa, pelo que será legítimo ter grandes expectativas em relação a este Neon Bible.
Quem, como eu, tinha a remota esperança que a urgência e excelência de temas como "Laika" tivessem continuidade neste novo capítulo da vida do grupo de Montreal vai sair de Neon Bible com uma ligeira sensação de desapontamento. Em vez disso, com o recurso aos préstimos de uma orquestra húngara, o lado pomposo, épico e orquestral saem a ganhar na maioria dos temas. No entanto, o som abafado presente na maioria da obra levanta algumas questões em relação às opções da produção.
Coincidência, ou não, aqueles que muitas vezes são os temas dos quais pode depender o sucesso de um disco, são em Neon Bible os momentos menos conseguidos: o tema de abertura ("Black Mirror"), o tema-título e o primeiro single ("Intervention"). Neste último chega mesmo a ser confrangedor detectar as fragilidades da voz de Win Butler perante tamanha magnitude.
Num todo onde a sensação de déja vu é um fantasma omnipresente, os momentos de redenção acabam por ser os mais atípicos no "som Arcade Fire". Primeiro com a adição dos banjos a conferirem um travo folky a "Keep The Car Running" e, perdida lá no meio do disco, a beleza da springsteeana "(Antichrist Television Blues)". Com alguma condescendência, poderemos ainda destacar "No Cars Go", o tema mais catchy e funcional de Neon Bible e onde, por uma vez, o violino não tem aquele som de assobio irritante.
Mesmo assim, honra seja feita aos Arcade Fire que, preparados para entrar no estádio, encerram o seu ingresso no território arena rock com o exercício lo-fi de "My Body Is Cage", o que prova que ainda não renegaram de todo as suas raízes e deixa alguma esperança para um futuro que se espera melhor.

1 comentário:

O Puto disse...

Este disco foi especialmente difícil para eles, uma vez que o mundo tinha os olhos postos neles, mas acho que se saíram bem. Como tu muito bem disseste, ainda há esperança para eles. Abraço!