"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 5 de março de 2007

DISCOS PE(R)DIDOS #4

THE WEDDING PRESENT
Seamonsters (RCA, 1991)

Herdeiros predilectos dos fãs órfãos dos Smiths, os Wedding Present tinham como imagem de marca primordial as guitarras chocalhadas e canções com títulos enormes, características que levavam os detractores da banda a afirmar que as canções eram todas iguais.
No entanto, em Bizarro (1989) iniciariam uma transformção na sua sonoridade que viria a atingir a plenitude neste que é um dos dez melhores discos dos anos noventa.
Para operar a revolução, nada melhor do que contratar os préstimos de Steve Albini que, em apenas dez dias de gravação, conferiria ao som da banda uma magnitude e uma rugosidade até aí desconhecidas.
O disco até começa de forma suave com os primeiros acordes de "Dalliance", que entretanto vai crescendo até atingir uma muralha de som intransponível. "Corduroy", já anteriormente editado em single, apresentava-se aqui numa nova versão ainda mais poderosa que o original: o "refrão" era apenas um riff monstro.
Em pólos opostos estão "Suck" e "Octopussy": o primeiro o tema mais raivoso e tenso de todo o disco, o segundo a encerrar Seamonsters num raro momento de candura.
Além da evidente metamorfose sónica, outro dado relevante são as letras e a voz de David Gedge, mais maduras e mais fortes que nunca. A matéria-prima da verve de Gedge, essa, era mais uma vez a dor-de-corno.
Curiosamente, e apesar de ter antecido Nevermind em alguns meses, Seamonsters é muitas vezes catalogado como o álbum grunge dos Wedding Present. É certo que a música aqui contida deve muito a referências norte-americanas, mas de grunge terá tanto como Bandwagonesque dos Teenage Fanclub, por exemplo.

3 comentários:

Shumway disse...

Uma boa banda. Descobri-os ao ouvir as famosas sessões Ukranianas para o Peel.
Mas colocar "Seamonsters" nos dez melhores discos dos anos 90. É mesmo de fã. :-)

M.A. disse...

Não é só coisa de fã, acredita.
Confesso que só lhe dei o devido valor alguns anos mais tarde, mas acho foi neste disco, até mais do que em "Surfer Rosa", que o trabalho do Steve Albini lhe granjeou a fama que ainda dá os seus frutos.
Além do mais, acho que os anos 90 foram pródigos em equívocos dos quais, infelizmente, ainda se fazem sentir os ecos nalgumas rádios de "bom gosto" aqui do nosso rectângulo.
Abraço!

O Puto disse...

Tive o privilégio de os ver ao vivo, há cerca de 10 anos, na Knitting Factory. Deram um excelente concerto e cumpriram um dos seus apanágios: não fizeram encore.