Confesso que tenho um ódio de estimação pelo projecto francês Nouvelle Vague. Não sendo eu daqueles que acham que há canções intocáveis, há vários motivos que me levam a rejeitar o muzak destes franceses:
- Uma versão de uma canção em regime bossa nova light até pode ter a sua piada. Dezenas de versões na mesma toada, além de pouco original, é fastidioso;
- Os Nouvelle Vague devem ser tipos semelhantes às pessoas que lhes compram os discos: aqueles nossos amigos que ouvem as mesmas canções há vinte anos e continuam a achar que têm muito bom gosto (agora já podem ouvir essas mesmas canções mais adaptadas à sua realidade, ou seja, aborrecidas);
- Apesar das canções originais serem, na sua maioria, de fino recorte, perdem toda a sua carga com este tipo de sonoridade;
- Por último, mas não menos importante, não sou lá grande apreciador de bossa nova e outras latinidades.
Embora achando todas as versões dos Nouvelle Vague sofríveis, há uma que me irrita solenemente: "Ever Fallen In Love (With Someone You Shouldn't've)" dos Buzzcocks. Não só porque é uma das minhas canções preferidas de sempre, como também por ser um clássico negligenciado, e por isso o público deveria conhecer melhor o original. Curiosamente, já há mais de vinte anos os Fine Young Cannibals fizeram uma versão (com grande sucesso comercial) deste mesmo tema, a qual, dentro do género, até não está má de todo.
Sendo na sua génese uma punk song, "Ever Fallen In Love" tem aquele apelo pop que só os Buzzcocks sabiam imprimir. Daí terem ganho o epíteto de "Punk Beatles".
Aberração semelhante, só conheço mesmo aquela versão de "There She Goes" dos La's por aqueles Six Pence qualquer coisa.
4 comentários:
Ainda que não me enquadre nessa definição dos ouvintes, eu gosto do primeiro albúm de Nouvelle Vague. (Acho que é o primeiro. A que tem uma versão dos PIL.)
A tua aversão tem sem dúvida, a ver com o facto de não curtires bossa nova. Quanto a certas pessoas conhecerem as músicas apenas através destas versões, quem sabe se elas não ficaram curiosas quanto às originais.
Parece-me um percurso aceitável!
Curiosidade: passei essa versão na sessão Tree Elécrico no Incógnito. Se lá tivesses estado, davas-me um tiro.
Eu ouço-os sem desagrado durante 3-4 canções, depois começam-me a bater nos nervos. Dá jeito naquelas ocasiões em que ninguém está a ligar demasiado ao que esteja a tocar e haja gente com sensibilidades musicais diferentes. Muzak, indeed...
Tentem ver o lado positivo da coisa: este post, além de ser uma afirmação da minha renúncia em relação à fórmula fácil e enfadonha dos Nouvelle Vague, é também uma "declaração de devoção" a esta grande canção dos Buzzcocks.
Abraços!
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