"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Good cover versions #83
















SHONEN KNIFE - "When You Sleep" [High Fader, 2013]
[Original: My Bloody Valentine (1991)] 

When You Sleep by Shonen Knife on Grooveshark

Se a memória não me atraiçoa, a recepção inicial ao álbum Loveless, segundo dos My Bloody Valentine, não foi propriamente aquele que é reservada clássico instantâneo. Se bem me recordo, foi francamente positiva, mas com alguma moderação. Só com a passagem dos anos o estatuto de culto foi conquistado gradualmente. Não estava lá para o presenciar, mas quase aposto que no Japão a coisa tenha sido diferente, e que a devoção de uns quantos geeks tenha sido imediata. Ou não fosse o país do sol nascente terra propícia a gerar pequenos nichos de culto a toda e qualquer tendência gerada no ocidente, por mais bizarra que ele possa ser, como era o caso do disco mais experimentalista do denominado shoegaze. Foi precisamente lá, nessa terra distante, onde decerto os clones dos MBV surgirão como cogumelos, que no ano passado foi confeccionado um tributo integral a Loveless.

Como todo e qualquer disco do género, o apropriadamente intitulado Yellow Loveless é desequilibrado nos resultados obtidos. Igualmente previsível é que abundem bandas obscuras, e no caso em apreço também os projectos amantes do ruído. No oceano de distorção mais ou menos reverencial, sobressai a proposta que mais destoa da linha condutora, levada a cabo pelas Shonen Knife. Estas eternas adolescentes já andam nisto desde os alvores de oitentas, funcionando como um equivalente oriental e feminino dos Ramones. Se bem se lembram, a ingenuidade latente em cada uma das suas canções faziam as delícias de Kurt Cobain, em parte responsável pelo seu crescendo de exposição no ocidente no começo da década de 1990. A sua versão de "When You Sleep" tem todas as marcas identitárias típicas, com a benesse de conter uma frescura pop que, apesar de retro, fica bem em qualquer época. Uma batida inicial evocativa da de "Be My Baby", das Ronettes, dá o mote para uma verdadeira apropriação do tema, numa versão toda ela imersa no espírito dos girl-groups dos sixties, recheada de coros pa-pa-pa quase infantis. Ao contrário do original, ainda assim aquele com resquícios pop mais evidentes no alinhamento de Loveless, e no qual as vozes surgem submersas na torrente de distorção, a versão das Shonen Knife puxa as vozes juvenis (de espírito) para a frente, resultando tão irradiantes quanto a melodia infecciosa, esta com um cheirinho de "You Can't Hurry Love", das Supremes. 

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