"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Estádio da luz














Ao contrário do que faria supor o ócio com que normalmente se espraia a sua música, os Woods são uma banda de árduos trabalhadores. Basta lembrar que no espaço de cinco anos, até 2012, nos deram outros tantos álbuns, todos eles de considerável nível qualitativo. Também é verdade que nesses discos não operavam grandes revoluções, já que qualquer deles era o espelho de quatro nova-iorquinos encantados com a pop pintalgada de folk e psicadelismo da west coast de sessentas. Normalmente, as canções eram ligeiramente obscurecidas e rústicas, como que no longo trajecto que separa as duas costas dos states a ruralidade do extenso interior as tivesse coberto de pó.

Depois de um hiato de dois anos, longo para os parâmetros woodsianos, estão de regresso aos discos com With Light And With Love, registo que, verdade seja dita, sem descaracterizar a sonoridade típica, traz novidades dignas de nota. É, por sinal, o trabalho em que os Woods se esmeram numa linguagem assumidamente pop, com dez temas do mais luminoso e arejado que já editaram. O elemento folk ainda está dissimulado nas entrelinhas, quanto mais não seja pelo timbre nasalado de Jeremy Earl, e a psicadelia ainda marca presença, se bem que naquela forma delicada que não beliscava a essência pop de uns The Shins do começo. Caso tenham ficado curiosos com a referência à banda que melhor representou a facção indie norte-americana na primeira década deste século, é imperativo que oiçam com "Moving To The Left", o mais refrescante banho de melodia do álbum. De horizontes largos, mas sem se desviar dos propósitos pop, With Light And With Love expande a paleta, imagine-se, a tonalidades soul, como acontece no tema-título - que nos seus nove minutos tem espaço de sobra para outros delírios - e mais declaradamente na amostra abaixo. Agora que perderam a suposta "estranheza" que bloqueava alguns ouvidos, já não me parece que haja motivos para que os Woods não façam parte da banda sonora estival de mais alguém que o punhado de geeks do costume.

[Woodsist, 2014]

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