Nasceram em San Diego, no extremo sul da Califórnia, sob a designação The Muslims, nome que abandonaram a fim de evitar interpretações indesejadas. Já na terra das oportunidades de Los Angeles, rebaptizaram-se como The Soft Pack, nome não menos provocatório se vos lembrar que se refere a um certo "brinquedo sexual". A veia travessa que os nomes sucessivos sugerem seria materializada num primeiro álbum, homónimo, que integrava os hoje tão recorrentes elementos surf e garage num ardiloso disco que, no fundo, era uma súmula destas seis décadas passadas de rock'n'roll. Quando chegou a hora do balanço do ano de 2010, The Soft Pack seria merecedor dos mais rasgados encómios.
Com tal antecessor, eram tão altas as expectativas como os receios relativamente ao novo Strapped, que numa primeira abordagem deita por terra muito do nosso entusiasmo em torno do quarteto californiano. Então não é que esta gente se virou para aquela facção mais despreocupada da pop oitentista, com sintetizadores e tudo, e solos de saxofones à discrição?! No sugestivamente intitulado "Bobby Brown", o raio da corneta chega ao cúmulo de acompanhar uma daquelas melodias que imaginamos em videoclipes com cocktails e danças tolas à beira-mar. Se a sensação deixada por este tema não é recuperável com novas audições, o mesmo não se poderá dizer da quase totalidade dos restantes. Com a insistência, Strapped acaba por se revelar uma espécie de reactualização da receita do disco de estreia, com uma instrumentação mais variada do que a trindade genérica do rock. Pode não ter as guitarras nervosas do anterior, mas não abre mão da mesma postura irrequieta, do cinismo implícito na voz, e de um ambiente festivo mesmo a propósito agora que do Verão já só restam as recordações. Quanto ao famigerado saxofone, acaba por se redimir com distinção no delirante outro do derradeiro "Captain Ace", momento em que os Soft Pack se afastam claramente da norma pop/rock.
1 comentário:
Devo ser dos poucos que gosta do "saxofonismo" de "Bobby Brown".
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