"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Ao vivo #94

















Thurston Moore c/ Gabriel Ferrandini & Pedro Sousa + Sunflare @ Galeria Zé dos Bois, 04/10/2012

Se há concertos com um ambiente estranho, o de ontem à noite, incluído nas comemorações do 18.º aniversário da ZdB foi um deles. Devido há "dimensão" da estrela do cartaz, mais do que ao simbolismo da data, o público acorreu em massa. Contudo, e como se previa pela dupla portuguesa que o acompanhava, Thurston Moore não trazia na bagagem nada da sua mais recente e intimista faceta, muito menos as derivações noise-pop/rock que lhe deram fama nos Sonic Youth. Perante a radicalidade da proposta apresentada, assente num free-jazz da variante ruidosa, a reacção do público mais incauto foi de uma frieza assinalável. Refira-se que a postura do trio em palco, sem uma única palavra dirigida à assistência, também não favoreceu a empatia.

Digamos que o concerto abriu em alta, com uma longa peça de alternância de ritmos e texturas. Nesta, os espasmos guitarrísticos de Moore surgiam constantemente desafiados pelos ataques dissonantes do saxofone tenor de Pedro Costa, numa espécie de duelo de sons extremos que terminou num mar de distorção. Daí em diante, e com o refrear das expectativas iniciais, também as jams em palco entraram também numa toada mais morna. As duas ou três peças que se seguiram ao assalto sónico inicial enveredaram por uma sucessão de sons avulsos a carecer de alguma consistência. Do trio de músicos destaque-se a prestação do baterista Gabriel Ferrandini, jovem baterista já com invejável currículo no "género" que revelou uma assinalável precisão nas constantes alternâncias de velocidade e engrenagem. Quanto à "estrela" do cartaz, digamos que apresentou uma destreza única na demonstração das potencialidades de uma guitarra, pese embora a inconsequência detectada a espaços.

Na abertura do serão estiveram os portugueses Sunflare, trio que integra o guitarrista Guilherme Canhão (dos recomendáveis Lobster) e que começa a dar que falar lá por fora nas publicações "da especialidade". Do que pude discernir no meio da conversa do lado de fora do "aquário", a banda alinha por longas derivas instrumentais banhadas de distorção suficientemente envolventes. Contudo, pareceram-me ainda algo derivativos de alguns nomes grandes da música dedicada à "expansão da mente" como os Hawkwind ou os Comets on Fire, algo que, estou em crer, a banda saberá dissimular num futuro próximo.

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