"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Dores de ouvidos

















Num passado não muito distante, o Canadá andava nas bocas do mundo musical. Não se passava uma semana sem que, nessa blogosfera, não assistíssemos ao incensamento de uma nova banda praticante de uma pop entendida como "erudita". Perante o deslumbramento de hordas de novos burgueses, na produção musical do país da folha de ácer parecia não haver espaço para a urgência rock, essencial para o chamamento das novas gerações à melomania. Até que, há pouco mais de três anos, entraram em cena os Japandroids e com eles revisitou-se aquele período de inícios de noventas em que as guitarras desalinhadas ameaçavam dominar o mundo.

À celebrada dupla de Vancouver, e salvas as devidas distâncias estéticas, juntam-se agora os METZ, trio de Toronto que promete não deixar pedra na facção mais abrasiva do indie-rock actual. Com um álbum homónimo disponível comercialmente desde hoje (ouvir na íntegra aqui), estes três rapazes de aspecto perfeitamente normal, culminam um processo que já se desenrola desde 2009 na demanda de impressionar as almas rock mais inquietas, sedentas de uma descarga de adrenalina sónica como há muito não se ouvia. Generoso no volume, METZ remete-nos para uma certa brutalidade que marcou pontos naquele mesmo período da década de 1990, trazendo à liça memórias da aridez de gente como os Jesus Lizard, os Shellac, os Unsane, ou até os Nirvana dos primórdios. Além disso, as projecções do som e a demência latente remetem-nos para alguns dos sons mais desafiadores da era post-punk, relembrando algumas experiências de gente como Public Image Ltd. ou The Pop Group. Porém, a força unitária da banda vale muito mais do que a soma de todas essas partes. Como se de um monstro de três cabeças se tratasse, o poder demolidor da bateria, a incisão da guitarra, as linhas viciosas do baixo, e a fúria berrada da voz, encontram-se num uníssono que é bem capaz de deixar muita boa gente boquiaberta.


"Headache" [Sub Pop, 2012]

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