"The boy Gedge has written some of the best love songs of the Rock 'n' Roll Era. You may dispute this, but I'm right and you're wrong!" - John Peel
Porém, de David Gedge não se espera a "canção de amor" formatada, pejada dos estereótipos que seis décadas de pop/rock estabeleceram. Dele esperam-se temas de uma visceralidade pungente, mais vezes versando uma dor-de-corno à boca cheia do que propriamente as virtudes da "coisa". Nesse particular é um mestre da escrita, vai para mais de um quarto de século. Primeiro com os The Wedding Present, autênticos embaixadores da causa indie, depois com os Cinerama, dupla conjunta com a então companheira Sally Murrell. O fim destes últimos, segundo o próprio Gedge derivado de as histórias das canções se terem tornado uma realidade, motivou o regresso dos TWP (com uma formação renovada), que desde 2004 já levam dois óptimos álbuns em linha com a faceta mais contemplativa dos Cinerama.
O terceiro (oitavo no todo) chegará em breve, mais precisamente dentro de duas semanas. Chama-se Valentina e, se não recupera totalmente a rispidez das guitarras dos primórdios, pelo menos parece querer reviver alguma da aceleração desses tempos. É o que nos leva a crer a amostra infra, e também algumas resenhas avulsas que classificam já Valentina como um dos melhores trabalhos da banda, em qualquer das suas encarnações. Pela parte que me toca, e à cautela, já não peço um novo Seamonsters (1991), pois tal parece-me irrepetível nesta fase, mas aguardo com as expectativas em alta a chegada do próximo dia 19. E já que falamos em Seamonsters, vai ser esse o disco que os TWP vão, em breve, andar a tocar por essa Europa onde ainda acontecem concertos que fujam à ditadura hipster. Cá por casa, já se entrou na contagem decrescente para o dia em que vão aterrar aqui.
"You Jane" [Scopitones, 2012]
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