"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Discos pe(r)didos #48









SNOWPONY
The Slow-Motion World Of Snowpony
[Radioactive, 1998]




Projecto de vida relativamente breve e semi-obscuro, os Snowpony foram uma espécie de super-grupo que integrava alguns dos protagonistas da arquitectura sonora de noventas: a vocalista e manipuladora de samplers Katharine Gifford (ex-Moonshake, ex-Stereolab), a baixista Debbie Googe (a gozar os primeiros anos do já longo hiato dos My Bloody Valentine), e o baterista Max Corradi (dos esquecidos irlandeses Rollerskate Skinny). Ofuscados pela boa produção musical dos anos derradeiros do século passado, o que é certo é que deixaram para a posteridade um par discos merecedores de uma reapreciação. Principalmente o debute The Slow-Motion Of Snowpony, supervisionado pelo produtor John McEntire (Tortoise, The Sea and Cake) e flagrante exemplo de pop aventureira, misto de acessibilidade e vanguardismo.
Fazendo armas da repetição e da arte da samplagem, The Slow-Motion Of... é, simultanemente, disco capaz de satisfazer tanto o ouvinte mais atento ao pormenor como o consumidor de música ocasional. Abre da melhor forma com "Easy Way Down", movido por um loop de guitarra tremendamente groovy e apelativo que casa na perfeição com a cadência ociosa da parte vocal. Neste, como na quase totalidade dos temas, surgem interferências acidentais que se vão descodificando com audições renovadas. "Love Letters" é reminiscente do quase-standard com o mesmo título e revela a voz de Gifford, indecisa entre o sensual e o distanciado, embalada por um inusitado sample de batida samba e ataques contudentes de guitarra tratada. Igualmente eficaz, o brilhantemente intitulado "3 Can Keep A Secret (If 2 Are Dead)" recupera excertos da parte cacofónica de "100%" dos Sonic Youth integrados num tema alinhado com algumas tendências do indie-rock norte-americano da década de 1990. "Bad Sister" e "John Brown (Triumphant March)" são ricos em amostragens de sopros. O primeiro é assinalado por uma bateria em cadência kraut, algo que por várias vezes é aflorado ao longo do disco, enquanto o último, fazendo jus ao título, liberta uma aura de exultação. A já referida queda dos Snowpony para as malhas do kraut-rock ganha maior expressão em "Titanic", aglomerado de golpes de guitarra ruidosa, laivos de órgão e sitar, e bateria em modo rolo compressor. Na maioria dos restantes temas, The Slow-Motion Of... enaltece o elemento atmosférico, acentuado frieza na instrumentação e contrastante envolvência na voz.


"Easy Way Down"


"3 Can Keep A Secret (If 2 Are Dead)"


"Love Letters"

1 comentário:

O Puto disse...

Ao tempo que não os ouvia! Na altura, foi a a minha irmã mais nova que me chamou a atenção para eles. Acho que ainda tenho em cassete.